Quem é Anta Sports, a 3ª maior marca de roupas esportivas do mundo

Logo depois de Nike e Adidas, a marca de sportswear mais valiosa do mundo é a chinesa Anta Sports. Veja de onde ela veio e quais são seus planos.

Anta Sports, a terceira maior empresa de roupas esportivas do mundo

O que você encontrará neste artigo

  1. 600 tênis e o sonho de conquistar o mundo
  2. O plano da Anta Sports para bater a Nike
  3. Modernização, rebranding e alcance global

Peça que alguém chute, sem pensar muito, quem é a terceira maior marca de roupas esportivas do mundo (depois de Nike e Adidas) e essa pessoa vai arriscar Puma, Reebok, talvez Under Armour, certo? Agora você vai poder surpreende-la com a resposta correta. Estamos falando da chinesa Anta Sports.

Com um valor de mercado de quase 42 bilhões de dólares, a empresa está atrás apenas das duas gigantes de sportswear Nike (218 bilhões de dólares) e Adidas (54 bilhões de dólares). Já deixou para trás a americana Lululemon (especializada em artigos para yoga, 41 bilhões de dólares), Puma (13 bilhões de dólares) e Under Armour (9 bilhões de dólares), além de sua rival local Li Ning (15 bilhões de dólares).

Por trás dos bons resultados financeiros há uma boa história, claro. Hoje a Anta é poderosa, patrocina estrelas da NBA como Klay Thompson, Gordon Hayward e Rajon Rondo e compete de frente com a Nike, mas nem sempre foi assim.

600 tênis e o sonho de conquistar o mundo

Ding Shizhong, fundador da Anta Sports

A história de origem da Anta Sports é bem conhecida na China, sua terra natal. É quase um conto de fadas moderno, da pobreza à riqueza (em proporções épicas), estrelado pelo seu fundador e presidente Ding Shizhong.

Em 1986, Ding, um jovem de uma pequena cidade na província de Fujian, no sul do pais, que abandonou o ensino médio, pediu um empréstimo de 10 mil yuans (cerca de 1500 dólares atualmente) para seu pai e comprou 600 pares de tênis da fábrica de um parente. Ele levou seu estoque para o norte, em Pequim, e vendeu todo o lote, retornando a sua cidade natal para investir os lucros na instalação de sua própria fábrica de tênis.

As roupas da Anta Sports começaram a ganhar novos mercados

Ding vendia bem para marcas internacionais, estampando logos famosos nos tênis que fabricava, como muitos companheiros chineses. Mas decidiu fazer um movimento inusitado. Em 1991, começou a construir sua própria marca e a batizou de Anta. Conta-se que desde os primeiros dias Ding deixou claras as suas ambições: ele não queria fazer a “Nike da China”, mas sim a “Anta do mundo”.

O plano da Anta Sports para bater a Nike

Entre as estrelas patrocinadas está o jogador da NBA Klay Thompson

Para ultrapassar a Adidas, a Anta sabe que precisa fazer alguns progressos impressionantes. Bater a Nike, no entanto, é uma tarefa gigantesca. Mas a empresa tem um plano que vem sendo colocado em prática há alguns anos para superar a gigante, pelo menos dentro de casa.

Por ter construído seu negócio quase inteiramente no mercado doméstico, a Anta escapou por muitos anos do radar local e internacional. A empresa era vista em seu país como uma marca voltada para cidades de terceiro e quarto escalão. E, na China, a Nike não só é extremamente popular como também representa status.

Quando as gigantes globais perceberam o valor do mercado chinês, na virada do século, usaram seus poderosos departamentos de marketing para vender aos consumidores locais uma imagem de alta qualidade, alta tecnologia, modernidade e elegância. Sem conseguir competir com isso, marcas chinesas como a Anta ficaram muito para trás. Há dez anos, aproximadamente, a situação era de estoques encalhados e poucos consumidores.

Já são mais de 9 mil lojas na China

Foi aí que a Anta fez algo que poucos esperavam. Em vez de investir pesado em sua marca principal, a empresa expandiu sua base de consumidores adquirindo outras marcas com diferentes propostas de mercado. A primeira aquisição foi o negócio da Fila na China, o que permitiu à Anta atingir o público consumidor de streetwear. Depois, comprou empresas menores até conseguir chegar na Amer Sports, dona de marcas como Salomon e Wilson.

A empresa fechou 2020 com um portfólio de 25 marcas, a maioria voltada para consumidores de primeiro e segundo níveis que buscam roupas esportivas de médio a alto padrão. Esse foi o primeiro passo. O segundo era melhorar a imagem da própria marca Anta Sports, que continuava atendendo aos consumidores de nível inferior.

Modernização, rebranding e alcance global

Crédito: Reprodução

Em meio às aquisições, a Anta começou a investir em pesquisa e desenvolvimento, melhorando a qualidade e a tecnologia de seus produtos. O esforço rendeu um contrato de patrocínio da equipe olímpica da China e uma mudança de patamar de seus produtos. Agora, quando alguém pensa em comprar um artigo esportivo na China pelo menos já lembra da Anta.

E ela entrega. Além de um e-commerce muito forte e eficiente, a empresa conta hoje com 9922 lojas da marca Anta e mais 2006 lojas Fila no país. Em comparação, a Li Ning tem uma rede de 6225, a Nike tem 7000 e a Adidas tem cerca de 12000.

Um modelo de tênis Anta Sports, resultado do investimento em tecnologia

O próximo passo, segundo analistas, é comprar da Adidas as operações da Reebok na China. O que aumentaria ainda mais seu valor, influência e receita. Se o centro da moda agora é a Ásia, a Anta tem tudo para se tornar uma das principais marcas globais do sportswear também no status. Falta só ser mais conhecida fora do mercado asiático.

Compartilhe
Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

Comentários
Importante - Os comentários realizados nesse artigo são de inteira responsabilidade do autor (você), antes de expressar sua opinião sobre temas sensíveis, leia nossos termos de uso