13 lições de vida que aprendi com Chaves

Confira os preciosos ensinamentos que a série da Turma da Vila passou para você

Há 44 anos no ar (sendo 32 desses transmitidos ininterruptamente pelo SBT), Chaves é um fenômeno no mundo inteiro. Idealizado por Roberto Gómez Bolaños, o seriado marcou a vida de diferentes gerações e públicos.

Quem pensa que o sitcom mexicano não tinha nenhum conteúdo a não ser o simples entretenimento, errou feio. As histórias da turma da Vila serviram não só para educar os pequenos, como moldar o caráter de pessoas em muitas fases da vida.

Duvida? Separamos algumas das clássicas lições que aprendi com a turma do Chaves. Confira!

1. Perdoe, não julgue e não cultive o ódio nem ressentimento

“A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.” (Chaves)

O seriado conta com inúmeras histórias que ensinam o valor do perdão e não fazer julgamentos precipitados. Basta lembrar do clássico episódio O Ladrão da Vila, quando Chaves é injustamente acusado de ser o autor dos roubos que acontecem na vizinhança.

Com rapidez e sem ao menos dar chance para a defesa, o Menino do 8 foi condenado pela vizinhança e execrado em público (com todos chamando-o de ladrão). Arrependido, Seu Furtado devolve os pertences, o que acaba inocentando o Chaves.

Na vida real, quem sofre um trauma deste tipo, na maioria da vezes, não aceita o perdão e fica buscando uma forma de dar o troco pela humilhação o resto da vida. Chaves, em sua doce e pura inocência, nos ensinou que o perdão é algo adorável e muito mais fácil de ser praticado. A recompensa por isso é um saboroso sanduíche de presunto.

2. Nunca perca o seu lado infantil

“Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda/ Amanhã velho será, velho será, velho será! / A menos que o coração, que o coração sustente/ A juventude que nunca morrerá!”

A música surge no episódio ‘Uma Aula de Canto’, onde o professor Girafalles tenta ensinar as crianças a tocarem instrumentos musicais. Ela é a essência de um programa que, apesar de ter 45 anos de criação, continua a passar na TV e tocar as mais diferentes gerações por sua linguagem e humor simples, com “situações universais” com as quais o público pode se identificar facilmente, independentemente da idade e nacionalidade.

O seu criador percebeu que o seriado seria destinado ao público de todas as idades, mesmo se tratando de adultos interpretando crianças. Ganhou a todos por apostar no seu lado criativo, que não tem medo de inventar.

“Este personagem era o melhor exemplo de inocência e da ingenuidade próprias de um garoto, e o mais provável é que essas características tenham gerado o grande carinho que o público sentia por ele”. (Bolaños falando sobre o Chaves)

3. Cultive a Solidariedade


No programa, poucos personagens são mais solidários do que Zenon (nome do Seu Barriga). Ninguém no mundo (em sã consciência) aceitaria uma dívida de 14 meses e ainda deixar o inquilino vivendo no local.

Mas, para Seu Barriga o coração grande fala mais alto. Tanto que ele chega a inventar que assistiu uma luta de boxe do Madruga, dizendo que fez fortuna com a aposta.

Outro exemplo, toda a vizinhança resolveu tirar férias em Acapulco (Santos), enquanto Chaves ficou sozinho na Vila. Senhor Barriga, desprendido de qualquer valor, convida o menino para conhecer o litoral com ele. A cena em que ele convida Chaves para a viagem é uma das mais emocionantes de todo o seriado.

4. Enxergue o óbvio, faça o simples

“Qual animal que come com o rabo?” (Professor Girafales)

O seriado é uma prova que, muitas vezes, a resposta para perguntas e problemas complexos, está em enxergar a vida com a simplicidade de um olhar de uma criança. Um grande exemplo disso acontece no episódio ‘Gato do Quico’, onde Chaves comenta com o Professor Girafales que o Quico não sabe qual animal come com o rabo.

O mestre Linguiça o questiona: “Mas há um animal que coma com o rabo?”, Chaves então responde: “Todos! Existe algum animal que tire o rabo para comer?”.

Apesar de uma resposta que parte de um raciocínio simples e evidente, poucos enxergariam ela de primeira mão. É o famoso ovo de Colombo. Para resolver alguns problemas e soluções em sua vida, às vezes você precisa se desfazer de todas as mazelas e complexidades e enxergar o óbvio.

5. Duvide do que vem fácil

“Teria sido melhor ir ver o filme do Pelé.”

Outra boa lição tiramos do episódio ‘Vamos ao Cinema’, em que a turma do Chaves vai assistir a um filme recém lançado mas, apesar de ir de graça, Chaves fica incomodado, faz muitas trapalhadas porque não queria estar ali, mas sim assistindo ao filme do Pelé (na versão mexicana El Chanfle).

Dificilmente as coisas mais fáceis, acessíveis vão te dar o mesmo prazer do que aquelas conquistadas com muita vontade, desejo e dedicação. Você não vai dar o mesmo valor e não se sentirá realizado se o produto de sua conquista vier de mão beijada ou for um simples prêmio de consolação.

6. Saiba prender a atenção do seu público alvo e cause uma boa impressão


No episódio ‘Primeiro dia de aula – Parte 2’, a tarefa para o Seu Madruga não era das mais fáceis: com muitas limitações de formação escolar, ele tinha que substituir o Professor Girafales.

Apesar disso, ele não só conseguiu colocar ordem em uma sala de aula, como prendeu a atenção ao ensinar uma lição sobre as consequências de brincar com coisas PRERIGOSAS.

O episódio mostrou que, por mais errado que seja a linguagem usada por Seu Madruga e a falta de conhecimento acadêmico, a mensagem final é captada da melhor forma, causando boa impressão até no Professor Girafales.

7. Você também precisa descansar


Nos episódios em Acapulco, vemos os personagens de férias, passando momentos divertidos em uma bela praia e um lindo hotel. Até mesmo o Senhor Barriga, que nunca para, resolveu tirar um tempo para o lazer.

Por mais workaholic que seja, todo profissional precisa de férias ou mesmo um tempo para descansar. Por mais recompensador (e até viciante) que seja trabalhar, aprenda a desligar o computador e tirar alguns dias para esquecer dos projetos. Em muitos casos, é nesse tempo de ócio que você sai do automático e as ideias mais criativas surgem.

8. Nunca desista

“Não existe trabalho ruim. O ruim é ter de trabalhar.” ( Seu Madruga)

O personagem interpretado por Ramón Valdés, o Seu Madruga, é a verdadeira personificação da perseverança. Apesar de não ter o menor tino para o trabalho, a cada episódio da série lá estava ele se virando como pode. A lista das suas atividades profissionais é enorme: sapateiro, vendedor, pintor, carpinteiro, boxeador e por aí vai.

Na sua carreira, você também precisa ser perseverante. Dar o seu máximo, tentar de todas as formas em busca de um lugar ao sol. Às vezes, trabalhar por conta própria pode ser frustrante, pois nem sempre as coisas saem como se esperavam. Seus projetos pessoais podem não vingar. Mas é preciso tentar coisas novas todos os dias e não desistir logo nas primeiras falhas.

9. Faça um bom planejamento financeiro, ou arque com as consequências


A visita de Seu Barriga na vila é uma constante prova de que as contas sempre estarão presentes em nossas vidas. Você pode ter uma vida financeira saudável e ser uma Dona Florinda – pagando tudo na data devida -, ou viver arrumando desculpas e fugir delas, como Seu Madruga.

Por isso, para tudo na vida o planejamento é essencial. Saber quais são seus custos mensais, a viabilidade de contrair dívidas e arriscar parte da renda em outros projetos o ajudarão a administrar melhor a vida financeira.
Você vai descobrir que não precisa ganhar muito para viver bem. Com um bom planejamento financeiro, você se preocupa menos com contas, pois não gasta mais do que recebe, e assim consegue fazer com que sua vida profissional flua mais livremente.

10. Tenha cuidado na hora de escolher o seu sócio (ou sua parceira)


Quando Seu Madruga e Dona Florinda entram em uma sociedade para venda de churros, o resultado não poderia ter sido outro: o fracasso total.

Isso aconteceu porque antes de decidir por montar uma empresa conjunta, ambos não conversaram sobre a expectativa dos negócios, caminhos a seguir e qual estratégia tomar.

Antes de entrar em uma sociedade, conheça bem a pessoa com quem irá se associar. Mesmo que seja um colega de faculdade ou um amigo de muitos anos ou um familiar, é preciso descobrir se sua forma de pensar e administrar um negócio é semelhante a do seu futuro sócio. Além disso, é importante que suas habilidades sejam complementares e que não entrem em conflito criativo com as habilidades da outra pessoa.

Em um relacionamento, a história é mesma. Estabeleça um diálogo, seja sincero quanto as suas perspectivas e saiba quais são as expectativas da outra pessoa. Com isso bem alinhado, você poderá tomar o caminho mais consciência (diminuindo a margem para arrependimentos).

11. As aparências enganam


No episódio em que Chaves, Quico e Chiquinha precisam entrar na casa da Dona Clotilde, a imaginação rola solta e eles fantasiam sobre fato dela ser uma Bruxa e lidar com magia, podendo enfeitiçá-los.

Só que nada disso acontece, ela é apenas uma mulher com certa idade, solteira que mora sozinha.

Muitas vezes, pré-julgamos uma pessoa por seu jeito de se vestir, lugar onde mora ou status social que tem. Tenha menos filtros e pré-conceitos, abra sua mente e deixe que as pessoas mostrem realmente o que elas são (e não os estereótipos). Garanto que você vai se surpreender com os resultados.

12. Uma boa imagem (e apresentação) faz toda diferença


Lembra-se do episódio da barraca de refrescos? A barraca do Chaves foi rapidamente ofuscada pela barraca do Quico: ela era mais bonita, mais moderna e com aparência de mais profissional.

Não adianta ter conteúdo, se não souber passar uma boa imagem, se não causar uma boa impressão. Por mais que a qualidade ainda seja a coisa mais importante, você pode nem chegar ao conhecimento do seu público alvo se não cativá-lo ou chamar sua atenção.

13. Nunca é tarde para começar

Reprodução

Por fim o grande ensinamento de Roberto Bolãnos, o criador do Chaves:

“A primeira vez que interpretei Chapolin Colorado, tinha 41 anos, e depois com Chaves tinha 42. Nunca é tarde para começar. Eu quero dizer isso especialmente para as pessoas que dizem que não têm oportunidade. Oportunidades sempre existem.”

Não ache que você é velho demais para realizar um sonho, para fazer uma mudança brusca em sua vida. Basta vontade, dedicação e saber enxergar as oportunidades quando elas aparecerem. Assim como o autor de Chaves que, mesmo com a idade avançada, continuava a querer se aventurar em coisas novas.

“Olá. Sou Chespirito. Estou com 82 anos e esta é a primeira vez que tuíto. Estou estreando. Siga-me os bons!” (Roberto Bolãnos)

Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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