Desabafo Olímpico

De 4 em 4 anos os brasileiros tem a oportunidade de se dizerem patriotas com outra coisa que não seja o futebol . É a chance de muita gente que passou o ano inteiro torcendo pro Corinthians na Libertadores tomar a vez de comentarista, reclamando do desempenho de atletas na natação, ginástica artística, e outras as […]

De 4 em 4 anos os brasileiros tem a oportunidade de se dizerem patriotas com outra coisa que não seja o futebol . É a chance de muita gente que passou o ano inteiro torcendo pro Corinthians na Libertadores tomar a vez de comentarista, reclamando do desempenho de atletas na natação, ginástica artística, e outras as quais ele nunca seu deu ao prazer de assistir fora das Olímpiadas.

Não esperamos nada menos do que ouro. Nas redes, vi muita gente reclamar de atleta comemorando o bronze. Aonde já se viu, se contentar com o terceiro lugar. Ou reclamar da derrotas de promessas de medalhas como o futebol feminino de Marta e cia, Diego Hypolito, Cesar Cielo, entre outros, mas gostaria de saber: onde estavam essas pessoas enquanto estes atletas se preparavam? 

Vivemos em um país onde o futebol é o único esporte tratado com incentivos, tanto popular como de investimentos financeiros. Lembro de 2011, quando tivemos um mundial de Handebol em São Paulo, onde ingressos eram distribuídos de graça nas ruas para as arquibancadas não ficarem vazias.  Até mesmo o Vôlei, nosso segundo maior esporte em títulos e força, sofre com público e investimento.

Marta Futebol Feminino

Li uma frase muito sábia no Facebook outro dia “As mesmas pessoas que criticam o Brasil nas Olimpíadas são aquelas que cabulavam as aulas da educação física que não fossem futebol”.  Continuo mais, são as mesmas que atividade física se limita a um futebol de vez em quando e uma academiazinha quando dá. Aquele que não incentivam os filhos a praticarem judô (porque isso não dá futuro), mas dizem que sempre sonharam ter um filho jogador de futebol quando vêem a seleção entrar em campo.

Enquanto o esporte servir apenas como recreamento ou para tirar crianças da rua, continuaremos ficando impressionados com o péssimo desempenho olímpico. Tem que ser mais que isso. A cultura esportiva não só tem que formar cidadãos, mas tem que formar atletas também.

Qualquer um que se dedicou a algum esporte para uma competição sabe como é difícil manter o foco. Acordar no dia seguinte quebrado, voltar para casa com a dor da derrota e ir para o próximo treinando pensando em como ser melhor. Os nosso atletas nas Olimpíadas são heróis por estarem ali e por enfrentarem tantas equipes com estrutura técnica superiores que as nossas.

Recomendo a leitura deste post do Leonardo Rossato que ressalta alguns mitos do desempenho da delegação brasileira nas Olimpíadas. E quanto a você corneteiro de plantão, que, nos últimos quatro anos, não viu uma luta de Judô, não quis saber do que aconteceu em um mundial de ginástica olímpica, nossos atletas não precisam da sua torcida.

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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