“Você nunca vai ser alguém desenhando” e o nosso ensino que não ensina

Gostaria de chamar atenção para o discurso da minha "querida" professora de matemática onde, só vai ser alguém na vida, quem passar no vestibular.

“Uma boa educação não é o que enche sua cabeça de fatos, mas o que estimula sua curiosidade. Porque daí em diante, você continua aprendendo pelo resto da sua vida.” – Neil deGrasse Tyson

Sempre gostei de desenhar. Desde pequeno estou acostumado a pegar um papel e um lápis e passar alguns minutos de bobeira rabiscando.

Mais do que um passatempo, sempre foi uma forma de me expressar. Não é de estranhar que durante muitas aulas do colégio – normalmente as mais merdas – eu parasse para desenhar um pouco.

Foi numa dessas, que uma professora me pegou no ato, arrancou o papel de minha mesa e me disse em alto e bom som: “Você nunca vai ser alguém na vida desenhando. Deveria parar de perder tempo com isso e estudar para o vestibular.”

Isso aconteceu em 2004. Em meados de 2012, fui chamado para fazer uma exposição com alguns desenhos e, de nove quadros que expus, vendi sete. Após pegar o cheque de pagamento na galeria, meu único pensamento era “Chupa professora Iara.”

pink-floyd-film-stills81

Acabou que – mesmo tendo essa oportunidade de expor alguns desenhos – nunca segui o ramos das artes porque encontrei outra profissão que eu gostava mais. Desenhar vai ser sempre um hobby para mim, mas para muita gente não.

Gostaria de chamar atenção para o discurso da minha “querida” professora de matemática onde, só vai ser alguém na vida, quem passar no vestibular. Ou seja, foda-se qualquer aptidão, talento ou gosto que você tenha.

Você precisa decorar um monte de matérias – muitas que nunca mais usaremos na vida – para passar em uma prova para entrar em um faculdade que – talvez – não tenha nada a ver com você.

Isso sendo bem generoso e tirando da equação o ensino público que te ensina que o máximo na vida que você pode chegar é ter uma carteira de trabalho assinada.

Uma escolha inconveniente

maxresdefault12

Não consigo contar nos dedos das mãos quantos amigos eu tenho que entraram em determinado curso de uma faculdade, não se sentiram felizes e mudaram para outros completamente diferentes. Ou aqueles que – mesmo formados em uma área – foram trabalhar em outro setor.

Afinal, o que podemos esperar de uma decisão feita por um jovem de 17 anos no auge da sua imaturidade e hormônios.

Ao invés de ensinar um jovem disciplinas que pode usar para vida – como empreendedorismo ou educação financeira – ensinamos a ele que tudo que precisa é saber resolver as 80 questões da Fuvest e pronto.

Estando na lista dos aprovados ele já ganha uma medalha de honra e o prêmio de homem bem sucedido.

Funny-teachers-jokes1

Na minha opinião – que não sou formado em psicopedagogia, nem nada – temos que ensinar aos pequenos e jovens a serem curiosos e usarem a imaginação.

A sempre continuarem aprendendo e se desenvolvendo naquilo que eles gostam mais – e, quem sabe, ganhar dinheiro com aquilo.

Mas acima de tudo, precisamos parar de falar que só decorar uma matéria vai te fazer ser bem sucedido.

Whiplash-Scream

Será que aquele cara que não tinha amigos e vivia trancado em casa para ir bem no vestibular vai ser tão bom gestor de uma equipe quanto o rapaz que transitava em círculos de amizade diferentes e tava sempre apartando as brigas da galera?

Quem pode se dar melhor na carreira de arquitetura: Aquele que se trancou em casa para passar no vestibular ou o rapaz que gosta de passear pela cidade prestando atenção do desenho dos prédios? Que pega suas pecinhas de lego e constrói sua própria versão de edifícios.

Precisamos começar a estimular nossos jovens a SEREM e APRENDEREM mais, não a apenas ficar reproduzindo coisas.

Temos que desenvolver a criatividade, empreendedorismo e outras virtudes. Porque se a pessoa tem essas qualidades, foda-se a nota do vestibular. Ela tá pronta para a vida.

Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

Comentários
Importante - Os comentários realizados nesse artigo são de inteira responsabilidade do autor (você), antes de expressar sua opinião sobre temas sensíveis, leia nossos termos de uso