Meus caros amigos gordos, querem nos destruir! E conosco vai a economia mundial, o equilíbrio das moedas, o controle de natalidade e a paz mundial. Não, não vou reclamar de preconceito ou das poltronas que não cabemos. Pelo contrário, gordo é “diferente”.
E quando se fala em “diferente”, hoje em dia, logo se pensa em preconceito, discriminação, minorias, chororô, protesto, ONG e algum político usando o tema pra se eleger. Nada disso! Gordos não são atingidos pela pena alheia.
Somos espíritos de luz, superiores desde seu nascimento, com a missão de ocupar espaço, melhorar a autoestima dos feios e divertir pessoas.
Todo mundo tem um amigo gordo. E por que? Porque nada é mais confiável que um gordo.
Gordo não vai comer sua mulher, não vai te levar em restaurante ruim, não vai te fazer andar mais do que o necessário e muito menos te fazer parecer feio. Ao lado de um gordo, todo feio magro se acha primeira opção.
Gordos tem uma habilidade incrível para resolver problemas. Porque são superdotados? Não. Porque somos treinados! Quando pequenos, quando a turma toda corre numa direção, o gordo procura um atalho.
Enquanto todos os meninos usam o cabelo, o corpo e a roupa pra seduzir garotas, o gordo tem que ser engraçado, inteligente e boa pessoa. É um pré-requisito de competição que o coloca na sociedade. Logo, gordos são seres humanos melhores.
Tente alegrar uma pessoa magra em depressão. Nada pode tirar um sorriso honesto num momento de tristeza. Mas gordo, quando vê um pastel, mesmo no velório do um parente, tem 1 segundo de paz interior.
Se 734 pessoas magras e 1 gordo correrem numa pista molhada na mesma direção, você sabe qual vai levar um puta tombo. E isso não é física, nem mesmo problema de peso. É vocação.
Gordos acumulam menos coisas em casa. Quando você tem 100 reais em notas de 50 e precisa de troco, para na banca e compra uma revista ou um jornal. Ela vai ficar na sua casa anos trocando de lugar até que você note que sequer a leu. O gordo não. Ele compra um chocolatinho e come. Volta pra casa só com o troco.
Gordos em academias motivam. Você pensa, mas não fala: “eu não quero ficar assim” e aumenta o tempo de esteira.
Gordos são prestativos.
Agora você liga a TV é gordo que ficou magro. Abre a revista, é gordo que virou modelo. Vai ver se tem anoréxica que virou gorda como exemplo de superação? Nunca salvamos ninguém, somos sempre as vítimas.
Há preconceito com gordos! Alguns são tireoide. Uma doença!!! Ainda assim, sacaneados e menosprezados desde sempre, nunca fundamos uma ONG ou lutamos por direitos nos fazendo de vítimas da sociedade. Somos o mais forte psicológico entre os seres humanos, pois não nos importamos com o que falam a nosso respeito.
Não temos ódio no coração. Aliás, temos sim. Não suportamos aquele amigo ex-gordo que “agora corre”. Pelancudo filho da puta! Se toca! Você era gordo, agora você tem cara de doente! Só que as pessoas acham que você nos inspira, quando na verdade você nos envergonha.
Gordo tem que ter convicção. Gordo que é gordo não olha cardápio em lanchonete. Quem é o filho da puta que pede uma cesar salad num menu que tem chesseburguer? Aliás, que cena incrível que é o gordo e seu chesseburguer. Há poesia nesse momento.
Gordos não enchem seu facebook com fotos. Ninguém gordo fica registrando estar gordo.
Gordos, portanto, não fazem selfie. Elas nos deixam com 2 queixos, o que é um tanto quanto desagradável.
Mas sabe o que é irritante sendo gordo? O suor. Primeiro porque ele é mais comum a nós do que a pessoas magras. Segundo porque se suamos mais, deveríamos emagrecer mais. E não. Continuamos gordos.
Mas principalmente porque as propagandas de TV e filmes tem preconceito com nosso suor. Note. Suor de magro dá tesão na mulherada. Gordo molhado dá nojinho. Que porra é essa? O suor do magro agora é mais limpinho?
Ah, mundo cão. O que seria deste planeta sem os gordos? Imagine Jô Soares magro. Faustão, por exemplo, jamais seria Faustão. No máximo “Fausto”. E nenhum “Fausto” faz sucesso, convenhamos.
Eu tô aqui pra te fazer feliz, meu caro. Se você se sentir velho, corre comigo. Você ganha! Se sentir que está ficando doente, pensa em mim. Se eu, gordo, não morri, você ainda vai longe.
Tem ideia do inferno que é pra nós, gordos, assistir aqueles Globo Repórter que dizem que um biscoito a mais por semana dá câncer? Mas aqui estamos, firmes, fortes, ou melhor, gordos.
Tem dia de negros, de índio, de professor, de tudo! Menos de gordo.
Tem briga de Zé Ong pra evitar gritos homofôbicos, racistas, preconceito com pobre, menos com gordo. Os gordos, fodam-se.
Mas nós não vamos reclamar. Nunca! Você jamais verá um gordo se sentindo mal por isso. Pois como disse, somos seres especiais.
Tanto que às vezes nem cabemos num corpo humano. Querem nos emagrecer. Querem acabar com a nossa classe em troca de um corpo sarado e padrão.
Ele não ficou magro. Ficou viado.
A economia mundial vai afundar junto! Pizzarias, churrascarias, a indústria do Floratil, do Luftal, os cardiologistas, nutricionistas e as milhares de revistas de “como emagrecer”.
O que será dos 32% da população mundial que vende herbalife? Aliás, o que será do Globo Repórter se um dia ele não precisar avisar ninguém sobre o perigo de estar gordo?
O que será das mulheres quando se encontram? Nós homens perguntamos do time, do jogo de ontem, no máximo de uma amiga que alguém comeu. Não o gordo, claro.
As mulheres logo olham pro corpo e se cumprimentam dizendo: “emagreceu! Está ótima!”. Mentira! Tão tudo igual quase sempre.
Quem é que vai ser o Papai Noel no Natal?
Nos deixem em paz. Nós não queremos controlar o mundo, nem mesmo impor um padrão estético pra todos os demais. Queremos apenas uma picanha com polenta e arroz.
Ah! Quase me esqueci! André Marques, nós odiamos você!
>> Texto colaborativo de Rica Perrone. Jornalista, um paulista apaixonado pelo Rio, ou meramente um brasileiro sem complexo de vira-latas. O único ‘fazedor de média do mundo que vai contra a maioria.
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