A cabeça de um pai antes e depois do nascimento de um filho

O que se passar na cabeça de um cara que vai ser pai, antes e depois do nascimento de seu filho.

Nossa amigo relata suas ansiedades antes e depois do nascimento do filho

24 horas antes da chegada do Heitor

Pois é, estou na véspera do nascimento do meu filho Heitor.É difícil descrever o que estou sentindo agora, mas tudo começou em dezembro de 2013. Tudo rolava normal  até o momento que minha esposa  apareceu na porta do meu trabalho com flores e um bilhete dizendo: Parabéns papai!

A partir daquele momento tudo em minha vida começou a mudar. Costumo dizer que quando você recebe a notícia que sua esposa está grávida você automaticamente ganha 5 anos de vida. É uma mistura de sentimentos. Naquele momento, estavam no bilhete as palavras mágicas que mudaram minha vida completamente.

Como podem ver no vídeo abaixo, fiquei em estado de choque. Não sabia se sorria, chorava, falava, ficava feliz, ligava para os amigos, contava para a família ou apenas respirava, que por sinal estava difícil também.

Passando o momento de falar para todos, a barriga foi crescendo e junto com a barriga o amor por aquele ser que nunca vi – a não ser pelo ultrassom, que não dá pra ver quase nada.

Aquele bebe foi tomando meu lugar na vida da Lu. Não bem o lugar, mas o espaço ficou pequeno para nós dois. Ela dorme pouco, me dá menos atenção fisicamente falando, mas o amor que ela está sentindo por mim só aumentou.

Quando disse no começo que é uma mistura de sentimentos eu não menti. Tenho a sensação de que não irei dar conta do recado: Imagina eu cuidando de uma pessoinha e da esposa pro resto da vida.

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Cara isso é muito surreal, mas é muito bom. Cada vez que fomos no pré-natal e ouvimos seu coração ou sentimos seus movimentos na barriga, voltam todos esses sentimentos que tentei descrever, e todos ao mesmo tempo.

Ele vai nascer amanhã. Estou com uma ansiedade que nunca senti na minha vida. Nem quando casei, fiquei tão ansioso como estou agora. Eu fico imaginando como quem será que ele vai parecer. Suas atitudes, com serão? Será que ele vai gostar de mim? Será que ele vai torcer pro mesmo time que eu? Será que vai ser estudioso ou não vai gostar disso? Será fechado ou brincalhão?

Das perguntas que não saem da minha cabeça, tem aquelas mais tenebrosas também: Será que vou ser um bom pai? Será que vou ter grana pra pagar tudo o que ele precisará? Coisas desse tipo.

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Falando no Heitor, daqui a pouco ele estará aqui nos meus braços. Isso é muito louco. Tão louco que estou acordado aqui ainda as 3 da manhã escrevendo sobre ele. Ou melhor sobre mim.

Fiquei surpreso pelo convite e escrever sobre esse momento que estou vivendo, mas ao mesmo tempo me sinto privilegiado por poder tentar entender um pouco do que estou passando.

Só sei que me sinto cada vez mais abençoado por Deus por poder participar e curtir cada momento dessa insanidade que é ser pai. Claro que nada disso seria possível se não fosse a minha melhor amiga Luciana, que além de me entender em tudo,  me deixa ficar aqui escrevendo de madrugada!

9 dias depois da chegada do Heitor

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O tão esperado dia chegou e passou. Agora, as antigas ansiedades dão lugar a novas ansiedades. O que era dúvida trouxe paz e certeza de que tudo está bem. O que antes me trazia medo, hoje me traz força e coragem. Tanta coisa se passou e se passa em minha mente, mas mesmo assim, me lembro de cada detalhe do dia primeiro de agosto.

Acordei primeiro que a Lu, preparei um super café da manhã já que ela precisaria ficar em jejum e provavelmente iria comer de novo só na madrugada do outro dia. Acordei minha esposa com o café na cama. Ela chorou e se empanturrou com tanta coisa que fiz.

A cesária estava marcada para as 20h e precisávamos dar entrada no hospital apenas as 17h. Todas as horas que esperamos pareceram uma eternidade, mas quando a hora da entrada no hospital chegou, veio com ela um medo sem tamanho. A ansiedade era maior que tudo nesse mundo.

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Minha avó materna faleceu no parto da minha mãe, minha irmã teve muitos problemas com as segunda gravidez e, para ajudar um pouco mais, minha sogra é enfermeira aposentada e sempre contou muita coisa também, isso nos trazia medo. Os enfermeiros vieram e nos chamaram. Descemos para o centro cirúrgico e o teste cardíaco começou.

Levaram a Lu para o centro cirúrgico e eu fiquei me arrumando com a roupa, touca, máscara e toda a idumentária para acompanhamento da cirurgia. O Doutor que nos acompanhara desde o início da gravidez estava lá com uma constante serenidade e paz nos tranquilizando.

Me troquei e me deixaram em uma sala anexa a da cirurgia por uns 30 minutos. Estava com minha câmera, comecei a filmar alguns depoimentos para ver se ficava mais tranquilo e o tempo acelerava. Não adiantou. Parecia que tudo que eu tentasse fazer, piorava ainda mais minha ansiedade. Até que o enfermeiro me chamou para a sala ao lado.

Cheguei vi a Lu deitada e aquele monte de equipamentos e os médicos, anestesista e enfermeiros em seu redor. Tudo o que pude fazer foi sentar ao seu lado e ser um marido. Não poderia pensar em mais nada a não ser proteger minha amada e tentar registrar aquele momento com minha câmera.

Aquele som de coração batendo, a Lu com a respiração ofegante e o Dr. pedindo coisas para a equipe. Tudo aquilo tomava conta de mim e daquela sala. Foi mais uma vez um tempo interminável até que o doutor me disse: “Olha o Heitor aí, papai”. Para a nossa felicidade ele chorou e nós choramos com ele.

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 Lu pediu para que eu arrumasse seu cabelo, perguntei se era para o Heitor conhecer a mamãe linda e ela, ainda dopada, acenou com a cabeça que sim. Quando ele chegou parou de chorar quando ouviu a voz da mãe. Comecei a conversar com ele como quando ele ainda estava na barriga: O papai tá aqui filho, calma! E ele também reconheceu minha voz.

Pude pegá-lo no colo, conversar com ele e ver semelhanças. Foi um momento que me fez chorar muito. A partir desse momento nossos esforços, compreensão e também o sono seria todo dedicado a ele. Nasceu nosso filho com 3.430kg e 48,5Cm e, para surpresa de todos, ele era lindo. Ora, claro que seria lindo, ele é filho da minha esposa.

Foi (e ainda é) tão maravilhoso e constrangedor nos sentirmos tão amados pelos amigos e parentes. Minha sogra, cunhada e sobrinha estão praticamente morando aqui em casa para ajudar e estão sendo uns verdadeiros anjos em nossas vidas (valeu!).

Recebemos muitas visitas e presentes. A primeira foto do Heitor no Facebook teve mais de 400 curtidas e inúmeros comentários em apenas alguns minutos. Isso tudo nos deixou muito surpresos e constrangidos com o amor de todos. Desde então vivemos em favor desse guri: tão pequeno, tão frágil, que nos deu uma aula sobre o que é viver

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Esse carinha roubou meu tempo, esposa, familiares, meu dinheiro (todo) e ainda assim sou louco por ele. Nunca pensei que poderia amar alguém assim. A ficha de que eu era o pai dele só caiu quando viemos pra casa e começamos de fato fazer tudo pra ele.

Sou Grato a Deus pela esposa que tenho. Se eu estivesse no lugar dela. já teria abandonado o barco. Quando eu reclamo da falta de sono lembro que ela ainda não dormiu mais que 3 horas seguidas. Para ajudar, precisa aguentar o maridão dela que com sono e/ou fome fica insuportável. Somos fracos né homens?

Eu ficaria horas e horas contando tudo o que já aconteceu desde a chegada do Heitor. Se eu pudesse resumir tudo isso em uma frase diria uma que ouvi a alguns minutos da minha esposa “ Amor, não sei como eu pude viver sem ele (Heitor) durante todos esses anos.”

Te amamos Heitor.

Texto escrito por Thiago Lima, fotógrafo, cinegrafista e editor de imagens, 32 anos, pai do Heitor, apaixonado por motos, tem uma tatuagem de um lagarto no pé e todos falam que é lagartixa.

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Colaboradores MHM
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