Ele foi a primeira figura masculina que aprendi a conviver e admirar. Dele, veio os conselhos, as broncas na hora certa (que eu demorei para entender), a orientação, o olhar firme, a proteção.
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Para entendê-lo por completo, porém, foi preciso tempo, enfrentamento e discussões. Hoje, assumo que muito do que sou devo a aquele baixinho, nordestino, de rareados cabelos, ar humilde, fala apressada (e andar mais rápido ainda), mas com um sorriso capaz de abraçar o mundo.
Não poderia deixar aqui de compartilhar com vocês os nobres ensinamentos do ‘Seu Severino’ que me ajudaram na minha formação e ainda são importantes para enfrentar a vida e suas dificuldades. Pois, acredito que mais importante do que qualquer ídolo do cinema e esporte, o grande herói da nossa vida vive sem glamour e na obscuridade, fazendo o trabalho mais árduo e notório de todos: sendo pai, no sentido pleno da palavra.
1# Aprenda a conviver com autoridade
Minha formação familiar nunca foi das modernas, do tipo que dá liberdade às crianças para fazerem suas escolhas à vontade. Tinha momento para brincar e tinha hora para falar sério. E, o mais importante, eu tinha que ouvir e respeitar os mais velhos (por mais que não concordasse).
Não virei um jovem problemático por causa do convívio com hierarquia e autoridade. Pelo contrário. Aprendi que o mundo não é de quem fala mais, mas sim de quem sabe escutar com atenção. Isso me ajudou na vida adulta, acadêmica e profissional.
2# Seja honesto
Pobre, de família humilde e semianalfabeto, ele veio do Nordeste para tentar a vida em São Paulo em uma época de poucas oportunidades. Trabalhou duro, economizou bastante, conquistou coisas com seu suor, mas nunca se aproveitou de ninguém e de nenhuma situação.
Ele precisava demonstrar que o exemplo começa em casa, como muitos pais fazem. Ele não acreditava em ‘atalhos’, não passava por sua cabeça tirar vantagem. Se existia um caminho ‘não ético’ para alcançar o objetivo, este não era um caminho.
3# Mesmo não concordando, respeito você e continuo te amando
Houve um grande abismo da geração do meu pai para a minha. A vinda da tecnologia, estabilidade financeira, mudanças de comportamento e da sociedade. Praticamente dois mundos nos separavam. Ainda assim, mesmo que ele não concordasse com minha visão das coisas e alguns atos, ele expunha a sua opinião e, acima de tudo, respeitava a minha.
4# Tenha a mesma dedicação do seu primeiro dia de trabalho
Por mais de 30 anos ele trabalhou em um único lugar, ininterruptamente. Apesar da longa data, poderia se acomodar, relaxar e curtir mais, ou mesmo ‘colocar um pé no freio’ das coisas.
O que vejo, pelo contrário, é alguém que religiosamente entra no emprego ainda hoje, aposentado, cinco minutos antes do horário devido e sai somente depois que acaba o expediente.
5# Respeite sua companheira
Relacionamentos são complicados. Viver com uma pessoa por tanto tempo, embaixo do mesmo teto e passando por inúmeras dificuldades, mais ainda. Apesar disso, meu pai me ensinou que o respeito é a base e o fundamental para manter qualquer relacionamento.
6# Suporte as pancadas da vida
A vida já é difícil para quem não nasceu em uma família abastarda. Para quem perdeu seu pai para o alcoolismo ainda criança, passou dificuldades, teve que abandonar o conforto do lar para viver em um a cidade sem amigos e familiares, as coisas são muito mais problemáticas.
As dificuldades sempre foram algo que permearam a vida do meu velho e, provavelmente, aparecerão para você. Com elas, aprendi a capacidade de suportar e enfrentar as adversidades. Foi isto que o fez chegar até onde chegou.
7# Viva para sua família
Meu pai sempre foi de poucos amigos. Mas do que isso. Ele foi um cara extremamente caseiro. Trabalhar muito e ficar em casa com sua família sempre foi seus dois grandes objetivos de vida. E isto era mais do que suficiente para ele ser feliz.
8# Você pode chorar (e se emocionar)
Até a morte de sua mãe, nunca tive em lembranças a imagem do meu pai demostrando sentimentos. Mas, a partir do momento em que ela se foi, vi brotar a tristeza e as primeiras lágrimas nos seus olhos.
Hoje, meu pai não tem vergonha de demonstrar emoção, seja em uma comemoração de aniversário ou casamento de um dos filhos. Ele aprendeu que expor o que sente e isto não faz dele menos homem.
9# Educação é prioridade
Para alguém que não tinha escolaridade e viveu para trabalhar, era fácil colocar na cabeça dos seus filhos que a vida profissional era a mais importante do que qualquer formação acadêmica. Porém, ele se esforçou o máximo na primeira para garantir que os filhos tivessem a oportunidade de priorizar a educação.
Da infância a adolescência, sempre tive livros em casa. Apesar de não os compreender, meu velho sempre soube que aquilo me faria uma pessoa melhor e investia nisso. E foi graças aos livros da estante que adquiri o hábito de leitura.
10# Mudar é preciso
Assim como eu cresci ao longo desses 30 anos, meu velho passou por muitas transformações neste tempo todo. Mudou seus pensamentos, repensou alguns preconceitos e o modo de ver a vida.
Acredito que esta deva ser uma relação verdadeira de pai e filho. O pai não precisa ser só um ditador ou alguém que viva cagando regra. É com a vinda dos pequenos e a mudança de vida que estes trazem que faz com que você volte para a ‘carteira’ de aluno e torne-se uma mescla de mestre com aprendiz.
Ele não só nos orientou, mas também aprendeu muitas coisas com seus filhos. Isso ajudou a transformar-se em uma pessoa melhor e me ensinou a não ter medo de mudar. Agradeço a ele por isso.
E você, qual foi o grande ensinamento que seu pai ensinou? Escreva para a gente aqui embaixo:
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