Como as redes de cinema te fazem de trouxa – e você nem nota

Em tempos de Netflix e torrents, as redes precisam correr atrás do prejuízo, mas tenho um limite de até onde aceito ser feito de otário.

Como as redes de cinema te fazem de trouxa - e você nem nota

Este final de semana, fui ao cinema assistir Homem-Formiga. Queria que este texto fosse sobre o que eu achei do filme – que é bem bacana, aliás – porém, o foco aqui é outro. É para falar sobre como nós somos feitos de trouxas pelas redes de cinema do país.

Sou apaixonado por cinema desde pequeno. Assistir um filme na telona é um dos meus programas favoritos. Vou em família, em casal e até mesmo sozinho. Gosto de ver um longa como ele foi concebido para ser visto, mas confesso que tenho ido cada vez mais desgostoso para o meu ritual.

Entendo que em tempos de Netflix, torrent, DVDs piratas, TV a cabo com centenas de canais, YouTube e outras opções, as redes precisam correr atrás do prejuízo. Mas tenho um limite de até onde aceito ser feito de otário.

Listei alguns modos como as redes de cinema te fazem de trouxa e você, as vezes, nem nota. Se liga:

Propaganda antes do filme

Cinema-Audience

Lembro que quando era mais novo, minha mãe reclamava do excesso de trailers. Mas olha, que saudades daqueles tempos. Hoje, você vai ver um longa e é bombardeado por uma porrada de comerciais antes do filme. Parece até que você está vendo TV. Duvida?

Nessa minha última vida aos cinemas contei no relógio. Entrei no cinema 5 minutos antes d começo previsto para minha sessão e já estavam passando comerciais. O filme foi só começar 20 minutos depois da hora que deveria. Foram 25 minutos com alguns trailers – uns 3 ou 4 – e uma porrada de propagandas. Qual problema disso?

Bem, já paguei caro pelo meu ingresso e, mesmo assim, a rede de cinema está tentando ganhar ganhando mais ainda com inserções, programas patrocinados, envelopagem dos assentos…

Perco 20 minutos da minha vida vendo propagando e ainda por cima tenho que pagar por isso?

O 3D que não deveria ser 3D

original

Lá em 2010, quando “Avatar” foi lançado, o 3D prometia salvar os cinemas com inovação e dando uma camada a mais para o espetáculo. Porém, com o tempo, fomos vendo filmes cada vez mais preguiçosos que usavam o formato mal e porcamente, apenas para ganhar um lucro a mais – já que ingressos para este tipo de exibição são mais caros.

Enquanto na América do Norte e Europa, o uso do 3D tem diminuído e muito, por aqui é o exato contrário. Vários filmes que não foram pensados para o formato vem com ele. Quer um exemplo?

“Velozes e Furiosos 7”, uma das maiores bilheterias do ano, veio como 3D para o Brasil, apesar de nos Estados Unidos e Canadá, não ter sido exibido assim. Sabe por que? Porque brasileiro é trouxa e pago o ingresso caro mesmo assim.

O 3D neste filme é inexistente, irrelevante e ainda deixa o longa mais escuro – algo comum em conversões para 3D – o que prejudica e muito as cenas a noite.

Para ajudar, as redes colocam o máximo de salas possíveis com o formato. Ou seja? Quer ver o filme no cinema? Vai ter que pagar mais caro e ver numa versão muito pior.

Preço da pipoca, refrigerante e afins

Tem que ser muito rico ou muito trouxa para gastar o preço que cobram em uma pipoca e refrigerante e achar que é algo normal.

Pior. Outro dia fui ao cinema de um grande shopping numa sexta a noite e cismei que queria uma pipoca. De 8, apenas 2 caixas estavam abertas e as filas estavam gigantes. Na hora de ser atendido, funcionários mal treinados e mal humorados – com motivos.

Na moral, passe nas lojas Americanas, encha uma sacola de bombons, refrigerante, bala, água… O que for. Mas não dê as esses caras o prazer de ganhar a margem de lucro estúpida que eles tem em cima dos produtos da Bomboniere.

A meia que custa inteira. A inteira que custa o dobro.

Isso é meio que um tiro pela culatra do próprio consumidor. Temos um excesso de malandros no país que dão seu jeitinho para tudo. Para não pagar mais caro no cinema, dão seus pulos para falsificar carteirinhas de estudantes ou comprovantes de faculdade.

O que o cinema faz para compensar o excesso de malandros? Aumenta ou torna mais rígida a fiscalização?  Não. Isso ia demandar contratar novos funcionários, criar desconfortos e, consequentemente, perder clientes. Eles simplesmente, aumentam o preço da meia para se equiparar a de uma inteira.

E você, que tenta ser honesto e paga seu ingresso inteiro, acaba bancando em dobro pela safadeza dos outros. Inclusive, recomendo a leitura deste artigo para entender melhor essas cobranças.

Atrasos em lançamentos

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Enquanto para filmes grandes, como Vingadores e Velozes e Furiosos, a gente está pau a pau com os Estados Unidos, para outros gêneros, como suspense, drama ou romance, chega a ser uma piada.

“A Corrente do Mal” é um terror que recebeu ótimos elogios quando estreou lá fora. Ele estava previsto para chegar aqui em julho, porém, teve seu lançamento adiado para o dia 27 de agosto de 2015. Até ai, um mês de espera é ok, né?

Acontece que o longa foi lançado em março nos Estados Unidos  e você consegue encontrá-lo facilmente para download em qualquer site de torrent da vida.

Se você é fã do gênero ou se contenta em esperar as distribuidoras lançarem o filme no país – e rezaa para que não fique só uma semana em cartaz, ou assiste pirata mesmo e vai ser feliz.

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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