No princípio, Deus criou o Céu e a Terra. A Terra era confusão, treva e caos – exatamente como agora.
+ Conheça o ABC do Canalha Moderno
Nos próximos seis dias, Deus concebeu as ervas, sementes, o sol, a lua, os animais e o Homem, em três formatos: homem, mulher e fãs do Village People.
Depois tomou uma ducha para aproveitar o domingão. Mas antes criou a cerveja, o churrasco, o cavaquinho, a popozuda e o canalha. Porque fim de semana sem essas coisas não tem a menor graça.
O Velho Testamento conta à sua maneira que Adão comia em outras macieiras. Logo, além de ter sido o primeiro canalha, foi o primeiro adúltero, o primeiro bígamo e o primeiro corno. Ou vocês acham que a Eva ia ficar só olhando a serpente?
Depois dele, a história tem milhões de exemplos de velhacos. Daria para escrever uma Bíblia do tamanho da Enciclopédia Britânica só com histórias de safadezas com a mulherada. Calígula, a família Bórgia e o Mao Tsé Tung ( que só traçava virgens), sozinhos, ocupariam uns 20 volumes.
No cenário brasileiro, a coisa não fica atrás. Desde Cabral, que uma cambada de safardanas só faz aumentar os índices de patifaria de nosso solo pátrio. Isso sem falar naquele outro Cabral, dançando “Besame Mucho”, mas deixa quieto.
O que dizer de um Caramuru? Usar aquela história furada de filho do trovão para comer a Paraguaçu? De um Dom Pedro I? Que fez com a Marquesa de Santos o que fez com a contabilidade do Brasil. E o Carlos Gomes então? Que não devia ter tempo de botar a boca na clarineta tantas eram as prima-donas que levava na conversa.
Por esses e outros exemplos reparamos, boquiabertos, que Gilberto Freire poderia perfeitamente ter batizado seu mais famoso livro de “Casa Grande & Canalha.”
Apesar disso, ainda estamos distantes do Primeiro Mundo no quesito patife. Mesmo com tantos casos célebres, ainda falta muita calhordice até que consigamos produzir um Bill Clinton.
► Texto por Ribamar Junior. Escreve, desde sempre, para qualquer meio conhecido: jornais, revistas, sites, cinema, TV, propaganda etc. É um dos criadores do grupo de humor musical Língua de Trapo. Também é autor de nove livros que vão de crônicas a aforismos, passando por um romance policial e um infanto juvenil.
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