Oscar Maroni: uma conversa sobre sexo, política e liberdade

O que aprendi em uma tarde com o maior empresário de sexo do Brasil

“Pega aqui.” Ele estende todo o braço no apoio entre duas poltronas. “Você está pegando no antebraço do cara que transou com as mais belas mulheres deste país!”. É dessa forma que, na recepção do Hotel Bahamas, em Moema, na zona sul da cidade de São Paulo, Oscar Maroni se definiu.

Era uma sexta-feira de sol, no meio do mês de agosto. Estacionei o meu carro em uma das vagas na frente do hotel e senti aquela sensação que haviam pessoas me olhando. Não estava errado: uma boa parte da feira, que acontece na rua ao lado, secou minha chegada enquanto alguns pastéis eram degustados.

E não eram só eles. Assim que pisei na calçada, um rapaz alto, barbudo e com uma touca na cabeça me abordou. Com olhar desconfiado perguntou se poderia me ajudar. Tenho certeza que não acreditou a primeira vez que disse que tinha uma conversa com o Dr. Oscar –  sim, um doutor,  já que ele é psicólogo formado. O rapaz apenas colocou fé quando eu citei o nome da secretária do empresário e outros dados.

Andei por um longo e estreito corredor lateral até chegar à recepção do hotel, que ainda estava de portas fechadas. Sentei uma das poltronas, na companhia da fotografia de uma vagina, que ocupava quase um metro da parede. Olhei para cima e lá estavam com letras garrafais: “Propriedade: Oscar Maroni”. Confesso, demorei a acreditar que estava ali…

O que aprendi em uma tarde com o maior empresário de sexo do Brasil

Depois de uns 10 minutos, Oscar Maroni apareceu do nada. Vestia uma calça simples, uma blusa de moletom e bocejava como quem havia acordado há pouco tempo. Educado, se desculpou pela demora: estava almoçando. Sentou na poltrona ao lado e começamos a conversar.

Entre um assunto ou outro que me levou até o local, conversávamos sobre temas aleatórios. Para ele, nada é mais importante do que três coisas: sexo, política e liberdade. O primeiro tema você já deve imaginar o motivo. O segundo é por se julgar um perseguido político – ele está com um hotel embargado por ser próximo à cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas, mesmo após, de acordo com Marino, ter tido as liberações de construção. Por fim, o último quesito se deve ao tempo que ficou preso por crimes que, segundo o próprio, nunca foram comprovados e, principalmente, por recriminarem o que acontece naquele estabelecimento.

“Ah, ela era uma bela mulher…”

Admito que cheguei ao Bahamas com a impressão que encontraria um ser egocêntrico, grosseiro e machista ao extremo. Me surpreendi. Você pode achar que o modo que ele ganha dinheiro é errado, mas não pode negar que ele é um empresário de sucesso. Você pode julgar que o produto relacionado ao sustento dele seja mulheres, mas é impressionante o quanto nas palavras ele demonstra respeitar e valorizar aquelas damas. Se elas vendem ou não o corpo, isso não é problema dele. Isso está na liberdade de vida delas. Termos vulgares, como “eu comi aquela…”, não foram pronunciados. Tentei contar a quantidade de vezes que disse “bela mulher” e elogiou a inteligência de alguma.

Maroni considera que é um estilo de vida que elas escolheram e que faz bem pra elas, pois lhe proporcionam estudos, bem-estar e dinheiro. Se elas não se incomodam com o meio que usam para ganhar isso, ele também não. Novamente, liberdade!

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“O mundo precisa de mais pessoas como eu”, diz na legenda de uma das fotos em uma rede social. (FOTO: Reprodução/Facebook)
 

“Quer conhecer a casa?”

Em certo momento da conversa, Oscar Maroni me perguntou quantas vezes já tinha ido ao Bahamas. A resposta era óbvia: nenhuma. Ainda não posso me dar o luxo de gastar R$ 230 reais só para entrar em uma casa de shows. Desta forma, ele me convidou para conhecer o estabelecimento.

No térreo existe um enorme restaurante. Em todo lugar que focava o olhar, apenas enxergava muito luxo. Não cheguei a comer nenhum prato, mas o cheiro estava muito bom. Fiquei pensando que deveria ter chegado mais cedo para, quem sabe, ser convidado para um almoço.

Ao descer a escada para chegar ao subsolo, vi alguns pôsteres das lutas do Show Fight, um torneio de MMA que ele organizava na época que UFC ainda estava longe de ser grande. Até hoje já ouvi muita gente deste meio se perguntando quando o torneio voltaria a existir. Para os nostálgicos do esporte, o Show Fight está para o Brasil da mesma foram que o PRIDE está para o mundo.

No andar de baixo, um espaço compartilhado entre poltronas e um enorme bar, além de uma sauna. Segundo ele, “é a área onde lindas mulheres podem andar sem a parte de cima, exibindo belos seios”. Demonstrando ser extremamente preocupado com o negócio, certa hora ele interrompeu a nossa conversa para perguntar a um funcionário o que ele achava de mudar a posição da mesa de sinuca, afim dos clientes ganharem mais espaço. O próprio Oscar Maroni fez questão de mexer no equipamento, até descobrir a melhor posição. Sem dúvida, ele participa de tudo naquele lugar.

Após conhecer o térreo e o subsolo, perguntei a ele o que havia nos andares superiores. “Lá, caro Rodrigo, são os quartos. Não sei o que acontece ali, mas dizem que lá está o motivo deste ser o hotel onde ninguém dorme”, me explicou antes de soltar uma gargalhada.

 “Olha essa nota no jornal!”

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O empresário durante uma das prisões que foi submetido (FOTO: Vivi Zanatta/AE)

Em uma das paredes, me mostrou diversos recortes de matérias publicadas sobre ele. Destacou uma recente, onde o nome dele era citado na nota de um importante jornal paulistano, relevando que ele seria candidato para deputado federal.  “Eu lá quero me envolver nisso de novo?”, disse em tom indignado.

Ele até hoje não entende o motivo das prisões no qual foi submetido. Segundo ele, as acusações de prostituição, formação de quadrilha e tráfico externo de pessoas nunca foram provadas e ele quase se suicidou por isso. “As mulheres pagam para entrar aqui!”, revela o empresário, destacando que não se envolve com o que acontece depois disso.

Mesmo após episódios de briga com o ex-prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, o também responsável pela revista Penthouse no país não expõe nenhuma revolta pessoal. Apenas diz que gostaria muito de um dia falar tudo o que sabe sobre política. Segundo ele, a discussão deste assunto é um dos pilares de uma sociedade moderna.

Ao me mostrar uma reportagem onde aparece nu – “Rodrigo, olha o Fusquinha que vira uma Ferrari na cama!”-, comentou que passou os piores momentos da vida dele na prisão. Contou que perdeu tudo o que tinha, mas está recuperando de pouco em pouco.

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Atrás do Bahamas Club, o Oscar’s Hotel, empreendimento embargado por ser perigoso ao tráfego aéreo. (FOTO: FolhaPress)

“Eu sou apenas o cara mais infiel do mundo da cintura para baixo!”

“Eu gosto de sexo. Gosto de tratar bem as mulheres, gosto de dar atenção, gosto de ouvir elas. É disso que elas precisam! Você precisa olhar pra ela e ela sentir que mais nada no mundo importa pra você!”. A frase dita para mim enquanto me acompanhava até o estacionamento é o resumo da vida do maior empresário do prazer deste país: ele, apesar de todo o dinheiro, ainda diz, acredite ou não, que prefere tentar conquistar as mulheres.

Em uma conversa de um pouco mais de uma hora, me fez conhecer alguém que é realmente feliz com o trabalho – achava que isso era impossível. Me fez entender um pouco sobre o mercado do sexo  e o quanto pode ser difícil empreender o ramo. Se para ele o importante é sexo, política e liberdade, para mim foi aprender a respeitá-lo, apesar de discordar de várias opiniões. Oscar Maroni é um personagem e muito do que diz é só para tornar todo o show mais atrativo. “Eu sou apenas um cara favorável a vaginas olhadas e pênis eretos!”, conclui o dono do Bahamas.

► Texto escrito por Rodrigo Alves, Jornalista. Acha mais divertido fazer do que ver televisão. Amante de histórias, mas sem paciência para pessoas. Esportista, mas asmático. Vive para saber se Deus ajuda quem cedo madruga / Instagram: @rodrig_alves

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Colaboradores MHM
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