Apesar do Tinder, Happn e da relativa liberdade sexual alcançada ao longo dos anos, os “Millennials”, geração de pessoas nascidas na década de 1990, transam menos do que as gerações anteriores.
Um estudo realizado nos Estados Unidos descobriu que esses jovens são o grupo mais sexualmente inativo desde a época da Grande Depressão, em meados de 1920. Os entrevistados pela pesquisa, porém, eram todos nascidos nos Estados Unidos.
“A única outra geração que mostrou uma taxa mais alta de inatividade sexual foi a dos nascidos na década de 1920”, afirma o relatório dos pesquisadores da Universidade Atlântica da Flórida. Ficou curioso para ler? Ele foi publicado na revista científica “Archives of Sexual Behavior“.
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O estudo descobriu que 15% dos jovens entre 20 e 24 anos não tiveram um parceiro sexual desde os 18 anos de idade. O mesmo cenário para seus antecessores – a geração X – aconteceu apenas com 6% dos entrevistados.
E uma matéria, publicada no jornal The Independent, a professora Jean Twenge, psicóloga na Universidade de San Diego, disse: “Os aplicativos de namoro, em teoria, ajudam os Millennials a encontrar parceiros sexuais. Porém, a tecnologia pode ter o efeito contrário nos jovens porque eles passam muito tempo online e interagem menos com as pessoas pessoalmente”.
Além disso, a psicóloga também apontou uma preocupação comum entre os jovens norte-americanos: “Com vários casos reportados de abuso sexual em universidades, por exemplo, essa geração parece consumir menos álcool e prefere ficar em lugares seguros no campus da faculdade”.
O contexto social dos Estados Unidos é bem diferente do nosso contexto aqui no Brasil mas, mesmo assim, Ryne Sherman, coautor da pesquisa e professor associado de psicologia na Faculdade de Ciências Charles E. Schmidt da Universidade Atlântica da Flórida, ressalta: “Este estudo realmente contradiz a noção generalizada e popularizada por aplicativos de namoro, como Tinder e outros, de que os ‘Millennials’ são a geração ‘conexão’, sugerindo que eles estão à procura de relacionamentos rápidos e sexo casual frequente”.
“Nossos dados mostram que este não parece ser, de modo algum, o caso, e que os ‘Millennials’ não são mais promíscuos do que seus antecessores”, completou.
A pesquisa, inclusive, levantou outra questão: as mulheres jovens de hoje são cerca de duas vezes mais propensas do que os homens a serem sexualmente inativas. Ou seja, apesar da maior aceitação do sexo antes do casamento e da liberdade sexual, há algo que está afastando as jovens norte-americanas das relações sexuais.
Será que os ‘Millennials’ estão amadurecendo mais tarde? Para os realizadores do estudo e para Susan Scutti, da CNN, isso é uma teoria. Hoje, menos jovens tiram carteira de motorista ou têm trabalhos remunerados. Isso pode sugerir que eles “estão crescendo mais lentamente do que os nascidos na década de 1980”.
Apesar das especulações, Sherman sabe que as razões para esta mudança são complexas: educação sexual, consciência sobre DSTs e o fácil acesso à pornografia podem influenciar o comportamento, mas, para Sherman, o aumento do individualismo observado nos “Millennials” pode estar diretamente relacionado ao sexo – ou a falta dele.
Antes, os jovens sentiam uma maior pressão social para adequar seu comportamento e agir como os outros jovens. Hoje, esse cenário vem mudando: “Enquanto a aceitação do sexo antes do casamento vem aumentado, o aumento do individualismo norte-americano permite que os jovens tomem suas decisões sem se sentirem pressionados”, diz Sherman.
Utilizar a qualidade de vida e a condição financeira dos jovens para justificar essa atitude, entretanto, é um argumento bem fraco: o cenário europeu é bem diferente e o comportamento sexual dos jovens por lá, também. Por isso, conseguir traçar uma real relação de causa e consequência para a redução da vida sexual dos “Millennials”, pelo menos lá nos Estados Unidos, exige um árduo estudo e talvez a gente só tenha uma resposta definitiva quando outra geração alcançar a vida adulta.
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