“A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer”
Esse foi o título de uma coluna escrita por Ruth Manus para o Estadão. Em suas linhas, ela idealiza um homem hipotético que descrevia a mulher – que no imaginário dela – seria a dos sonhos assim:
“Ela tem que trabalhar e estudar muito; os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto; deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu; precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.
Cozinhar? Não precisa! Tem certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar. Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém”.
Confesso que o texto é bem motivador para o sexo feminino, desenvolvido mais ou menos como um desabafo, de uma mulher incompreendida e não desejada pelo sexo oposto, este que não via atributos suficientes para se envolver com ela. A culpa, como sempre, é da sociedade que forma esses homens despreparados e em conflitos.
Bom Ruth, tenho que discordar em vários pontos com você. O primeiro é sobre essa geração de homens que você descreve na coluna.
Provavelmente tenho mais ou menos sua idade e nasci em uma família que pregava valores iguais para todos (independente da sexualidade). Cresci com uma ligação maior com minha mãe, aprendi os afazeres de casa, a cozinhar (pena que esqueci grande parte deles), respeitar e admirar a força das mulheres, por proximidade.
Relacionei com umas tantas mulheres, cada qual sua peculiaridade. Sou casado com alguém que conheci há 10 anos. Ela engenheira, eu jornalista (inversão de valores maior que essa é difícil pensar). Em casa, conseguimos dividir as tarefas por potencialidade e, caso necessário, um dá uma força para o outro.
O que quero falar com isso tudo? Assim como eu, tantos milhares de homens estão no mesmo barco e sabem (ou aprenderam) a lidar e respeitar o espaço que a mulher ganhou. Esse mesmo tipo de homem que você imaginou que não exista.
Não sei se falar sobre homens machistas ou arraigados em conceitos arcaicos possa contribuir muito atualmente. Estes mesmos não passam de estereótipos em vias de extinção, como bem definiu a teoria de evolução de Darwin.
Falar sobre eles é só reprisar o discurso enfadonho da mulher oprimida e do homem opressor. E continuar com a velha guerrinha dos gêneros, ao invés de unir os grupos para uma discussão maior.
Por isso, vou tentar desenvolver abaixo alguns mitos que a mulher independente mantém em sua cabeça.
Mito #1: O homem deseja a mulher perfeita
Sabe aquele discurso que muitas mulheres falam que, para atrair a atenção masculina, tem que ser uma ‘fodástica’ mulher, amante, mãe e profissional? Isso só está na cabeça delas.
Primeiro, porque a perfeição é chata pra caralho, além de cansar. O que nos atrai no sexo feminino é a falta de incoerência, indecisão e medo, ou uma mescla de qualidades com estes defeitos. Não se preocupe, mulher, em querer ser boa em tudo, pois é neste momento que você está suscetível a se tornar menos desejável. Que tal tirar as máscaras e ser ‘só’ você?
Mito #2: O homem gosta da mulher submissa
Alguns homens podem se acomodar a uma relação onde impera seus desejos e ordens, mas não é necessariamente uma verdade absoluta para o sexo masculino.
Se você, mulher, olhar ao redor, perceberá que nós buscamos pessoas que nos desafiem, que provoquem nosso sentimento de perda. A partir do momento que você se mostrar submissa demais, estará, provavelmente, decretando seu atestado de morte para a relação.
Mito #3: Os homens não admitem competição com mulheres
Competir com uma mulher profissionalmente não causa mais tanto estranhamento no sexo masculino, pelo menos não por aqui. Em quase todas as áreas antes dominadas pelo homem, existem mulheres de destaque. Mesmo em assuntos como futebol, cerveja e MMA, posso citar muitas delas no topo.
Isso é reflexo de décadas passadas e caminha, a cada vez mais, para a uniformidade total dos direitos. Como deve ser feito e ponto.
Mito #4 Uma mulher realmente ‘foda’ tem que ser melhor do que o homem
Você acredita que a Michele Obama tenha menor força e valor do que o presidente dos EUA? Pois está enganada! O acaso fez com que Barack, ao invés dela, chegasse ao poder. Mas, se você parar para pensar, muito de sua força e postura estão diretamente ligadas a presença da 1ª Dama, atuando como verdadeiros parceiros.
Pouco importa quem tem mais poder financeiro em uma relação amorosa. O importante mesmo é a cumplicidade e parceria entre os envolvidos. Tenha ela ou ele mais poder, se os dois não souberem equilibrar o barco para navegar, ele acaba afundando todos os tripulantes.
Mito #5 O medo masculino da mulher independente
Não fugimos das garotas com postura independente, na verdade somos atraídos por ela. É mais ou menos como se fosse aquele ar confiante e sexy de uma mulher mais madura, ela sabe o que quer e vai correr atrás disso. O homem só tem o que agradecer com essa postura.
Conclusão: “Que raio de cara vai me querer?”
A pergunta da colunista em um momento de conflito interior. Ruth, não sei o que pensa, mas saiba que você não é um produto exposto em uma prateleira de supermercado, com uma boa estratégia de marketing por trás e pronta para ser ‘adquirida’.
Relacionamentos envolvem uma via de mão dupla, sem o gostar dos dois, a coisa não costuma andar, quem sabe lá na década de 60 ou 70 as coisas tenham sido diferente. Vejo muitas mulheres correndo atrás de caras com fórmulas mágicas para conquistá-los, mas é somente quando estão seguras de si que você se torna interessante para o outro.
Ps1: Sobre sua solidão, peço que reflita: o que você realmente busca no homem, um cara que tenha o mesmo poder e independência financeira que o seu, ou um parceiro inteligente que admire e possa compartilhar suas conquistas e derrotas. Não esqueça: se você busca um produto ou status, também será considerada como tal.
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