“A diferença entre a vida e a ficção é que a ficção tem que fazer sentido.” – Mark Twain
Você já deve ter notado isso em algum momento, mas sua vida não é um filme ou um livro. Não, você não vai receber uma carta te chamando para Hogwarts, muito menos ganhar um anel mágico como herança do seu tio. E. para piorar, nem tudo vai fazer sentido na sua história.
Em toda narrativa – ou pelo menos nas boas – todas personagens tem uma razão para estar lá. Alguns servem para mover a história adiante, outros para serem alívios cômicos e alguns são contrapontos do protagonista. Todos com uma função bem clara.
Já na vida, a coisa não poderia ser mais diferente. Pessoas vem e vão. Algumas ficam, outras retornam. Histórias se misturam, param no meio e voltam muito tempo depois. As vezes, você se promete nunca mais fazer algo, mas, passam alguns anos, lá está a você fazendo aquilo de novo – e feliz. É da natureza de viver.
Porém, vira e mexe, vejo pessoas que tentam argumentar contra esse princípio tão humano. Eles dizem que nós temos que aprender a dar pontos finais definitivos para as coisas e deixar o que ficou para trás, completamente para trás. Mas será que dá mesmo para fazer isso?
O ser humano é uma criatura que muda muito o tempo todo. Ele aprende, se desenvolve, fica mais maduro… E, por muitas vezes, a gente se deparar com uma situação antiga com novos olhos e perspectiva. Como pegar um enigma que antes não sabíamos resolver, mas hoje a resposta parece mais clara.
Vale para tudo: Relacionamentos amoroso, brigas pessoais, trabalho… Nem sempre o fim é o fim mesmo. Ele pode simplesmente ser o meio de algo maior e não há nada de errado com isso. Exemplifico.
Depois de anos trabalhando em uma área, você pode descobrir que o que realmente te fazia feliz era aquele seu primeiro emprego. Ou, um dia, uma ex pode reaparecer na sua vida e você notar que aquela mulher ainda pode ser a mulher da sua vida.
Peguemos por exemplo, Steve Jobs. Após ser demitido da própria empresa que fundou, o cara traçou toda uma jornada com empreendedor, criando novos negócios – como a NeXT e a Pixar, por exemplo – até voltar para assumir o comando da Apple. De novo.
Se tivesse tentando dar um “ponto final definitivo” no que dizia respeito à Apple, ele jamais teria tido a chance para lançar produtos como o iPhone e o iPad.
Por muitas ocasiões, uma segunda chance pode ser a sua chance de redimir dos seus erros ou fazer algo direito.
Sei que não vale a pena ficar preso para sempre ao passado, mas também não podemos ser cegos ao ponto de fechar as portas para algo que nos faz bem e pode voltar para nossas vidas. É só deixar o orgulho um pouco de lado.
Querer por um ponto final definitivo e intransigente a algo é negar que as outras pessoas possam mudar, se arrepender ou crescer. Ou até mesmo, é querer negar para si mesmo que a gente erra. E, velho, a gente erra muito, mas amadurece no processo.
Pare de buscar um sentido ou uma narrativa nas coisas. Sua história não é dividida por capítulos, nem vai ter um final tão glorioso como nos cinemas. A lógica do começo, meio e fim pode não se aplicar a você. Tudo que você pode fazer é aproveitar o agora.
Tem a chance de arriscar algo com alguém que te fez bem? Vai lá. Recebeu uma boa proposta de um trampo antigo? Por que não? Permita-se viver e, acima de tudo, seja feliz.
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