O julgamento de O.J Simpson prendeu os EUA em 1995. Cerca de 150 milhões de pessoas (57% da população norte-americana) parou na frente da TV para assistir ao ex-jogador de futebol americano estava no banco dos réus acusado de ter matado sua ex-mulher, Nicole Brown e o amigo dela Ronald Goldman.
Produzida por Ryan Murphy (Glee, American horror story e American crime) em parceria com Scott Alexander e Larry Karazenwski, a série American crime story: O povo contra O.J. Simpson tem como inspiração a obra The run of his life: The people v. O.J. Simpson (A corrida da vida dele: O povo contra O.J. Simpson, em tradução livre), de Jeffrey Toobin, que conta a história de um dos julgamentos que mais movimentou os Estados Unidos.
Desde o lançamento, em 2016, a série de 10 episódios se tornou bastante comentada e conquistou diversos prêmios, incluindo 9 Emmy Awards e dois Globo de Ouro.
Separei alguns dos motivos para você assistir a série que está na Netflix.
5. Uma história digna de filme
Para muitos brasileiros o julgamento de O.J. Simpson não tenha sido tão popular. Mas, nos EUA, foram 372 dias de audiência que transformaram o país, que parou para assistir o veredito final de O.J. Simpson inocentado, apesar de quase todas as provas do crime apontarem para o seu envolvimento.
Isso se justifica por dois motivos. O motivo é que os Estados Unidos viviam uma época de crise, com inúmeros casos de negros mortos por policiais. Uma parcela da comunidade negra acreditava que a promotoria estava acusando O.J. Simpson injustamente.
Segundo porque O.J. Simpson ser uma figura popular. Além de ser um grande jogador de futebol americano, ele participou de filmes como a franquia Corra que a polícia vem aí (1988, 1991 e 1994).
4. Ela mostra como o sistema de justiça criminal é falho
Durante o julgamento de O.J Simpson, os assassinatos ficaram em segundo plano. Ele foi muito mais um julgamento sobre raça, fama e classe social.
A série examina como esses componentes corromperam o sistema de justiça criminal. Os advogados de O.J debatem por muito tempo se a palavra Niger (criolo) deveria ou não ser utilizado no tribunal. A beleza, o vestuário e a personalidade da promotora Marcia Clark entraram nos holofotes da imprensa da época, ressaltando todo o sexismo, deixando sua competência de lado e enquanto as mortes de Nicole Brown e Ron Goldman tornaram-se apenas notas de rodapé.
Assim como o documentário “Making a Murderer”, da Netflix, que explora a corrupção, má conduta da polícia e um suspeito empobrecido com pouca ou nenhuma educação, “American Crime Story”, procura destacar as falhas e fissuras no sistema de justiça criminal, que apesar de serem processos diferentes, mostram um mesmo sistema quebrado.
3. O Julgamento do Século
O caso O.J Simpson foi chamado de o Julgamento do Século não por acaso. Muitos o consideravam o primeiro reality show da vida real. Durante a prisão de O.J., os programas da TV foram interrompidos para mostrar um Ford Bronco fugindo de uma perseguição policial em uma autoestrada de Califórnia.
O veredito do juri aconteceu em plena terça-feira, reunindo o número recorde de 150 milhões de telespectadores, 57% dos EUA, frente a TV. Os adultos abandonaram o trabalho e os alunos saíram das salas de aula. Em comparação, apenas 37,8 milhões se sintonizaram para a eleição histórica de Barack Obama, em 2009 e 114,4 milhões assistiram ao evento esportivo mais bem cotado da história dos EUA: o Super Bowl de 2015.
2. Mais atual do que nunca
Assim como o assassinato de JFK e o 11 de setembro, as pessoas do EUA se lembram onde estavam quando o veredicto polêmico de O.J foi lido. Ainda assim, “American Crime Story” não é apenas uma série que retrata um momento isolado dos anos 90.
Do recente escândalo que envolveu o comediante Bill Cosby, onde 46 mulheres o acusam de estupro, ao o Black Lives Matter (As Vidas Negras Importam) – movimento ativista internacional, com origem na comunidade Afro-americana, que campanha contra a violência direcionada as pessoas negras. Ambos são exemplos que mostra a questão do preconceito racial ainda está longe de acabar por lá.
O produtor Murphy Ryan explorou mais do que apenas o caso Simpson. Ele parece estar perguntando: como o Julgamento do Século ajudou a forjar a obsessão da nação com raça, fama, dinheiro e celebridade.
1. Histórias que reescrevem o passado
Além deste caso, outros séries e programas mostram como uma boa investigação e ampla divulgação podem dar uma guinada em julgamentos já concluídos.
A série ficcional chega depois de “Making a Murderer”, o documentário da Netflix em dez partes que examina a condenação de 2007 de Steven Avery, o homem de Wisconsin acusado de assassinar Teresa Halbach, de 25 anos.
Avery insiste que ele não cometeu o crime e foi enquadrado pelo Departamento do Sheriff do Condado de Manitowoc em processos polêmicos, com provas manipuladas pela polícia e muitas informações desincontradas. O documentário da Netflix chamou a atenção do público e das redes sociais.
O podcast “Serial”, por exemplo, revisitou a condenação de Adnan Syed, condenado a prisão perpétua pelo homicídio da sua ex-namorada. Em uma série de 12 episódios, ele deu tanto sucesso e visibilidade que o Tribunal de Recursos Especiais do estado do Maryland decidiu que o caso merecia ser reaberto e passar por um novo julgamento.
Além disso, a série da HBO “The Jinx”, que começou com um documentário sobre a vida do milionário Robert Durst. Depois de ser perguntado acerca do seu envolvimento na morte da sua colaboradora Susan Berman, no ano 2000, Robert ‘esqueceu-se’ do microfone ligado e, sozinho no banheiro, ‘confessou’ três homicídios para si mesmo, sendo ouvido por toda equipe de gravação.
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