Apesar de me chamar Edson, o nome não veio em homenagem ao Edson Arantes do Nascimento, e sim a Thomas Edison (um erro no cartório derrubou o i). Mas isso não impediu que durante 27 anos me perguntassem: É por causa do Pelé?
Curiosidades a parte, a convite da Head and Shoulders pude bater um papo com o meu xará sobre sua carreira e expectativas para a Copa do Mundo. Muita gente critica o homem por algumas de suas frases polêmicas, mas uma coisa posso dizer após conhece-lo pessoalmente: ele é de uma simpatia e carisma sem tamanho.
Nos poucos minutos que passei próximo ao outro Edson, pude ver o carinho e atenção com os quais ele tratou a todos os repórteres e blogueiros com quem conversou. Engraçado pensar que muitas celebridades de hoje em dia poderiam ter lições de humildade com o cara que é considerado o melhor jogador de futebol da história.
Sem mais delongas, confira nossa entrevista com o rei do futebol: o Pelé:
Você já conheceu muitos Edson que receberam o nome em sua homenagem?
Eu tive a honra de conhecer alguns. Não muitos, mas já tive surpresas de repórteres ou jogadores que chegam e falam “Você sabe que meu nome é Edson porque meu pai te adorava na época da Copa?” Ai de cara eu já fico sabendo a idade da pessoa. É uma responsabilidade muito grande, mas eu fico muito feliz.
Fala-se muito do Neymar na seleção, mas quero fugir disso. Quem mais você vê que hoje se destaca no time e pode ser uma promessa para a Copa?
Normalmente, quando você fala em equipe de futebol tudo mundo procura os atacantes, os caras que fazem gol. Na seleção brasileira, se tirarmos Neymar quem faz gol de vez em quando é o Fred, que não esteve muito bem ultimamente.Mas nós temos grandes valores no time que se destacaram muito na Europa.
O David Luiz é um dos maiores quarto zagueiros de hoje, Thiago Silva também. Os dois são capitães por lá. Coisa que aqui no Brasil não tinha antigamente, era o inverso. A gente tinha os grandes atacantes.
Agora, não dá para fugir de falar de Neymar, mas ao mesmo tempo gostaria de dizer: é muita responsabilidade que estão pondo nele. Esta é a primeira Copa do Mundo dele e tão jogando toda a responsabilidade de ganhar a Copa do Mundo em um jogador. Não é justo isso. Quem ganha a Copa do Mundo é uma seleção bem organizada.
Nós vemos muitos jogadores brasileiros hoje, saindo do jogo indo para a balada de pagode, de sertanejo. O Pelé era um cara baladeiro ou era um jogador mais focado?
Eu gostava de compor e de tocar violão, mas aquela época era um época diferente. O jogador de futebol era mais recatad , se preocupava mais em se cuidar. Não tinha esse acesso da mídia. A exposição que eles tem hoje não era tão grande assim. Mas eu sempre fui, e até hoje ainda sou, bem tranquilo. Não sou baladeiro não.
Você tem três conquistas de Copa do Mundo no currículo, mas qual delas você mais curtiu ganhar?
(Risos) Ih, rapaz. Em todas as finais o sentimento foi bem parecido, mas tem uma diferença na emoção de cada Copa que eu joguei. A de 58 eu tinha 17 anos e todo mundo falava: “Puxa vida, um garoto de 17 anos, que responsabilidade ir para Copa”. Mas naquela época, o peso estava nas costas de jogadores como o Didi, o Vavá, o Nilton Santos… Eu cai lá de paraquedas. Foi um premio de Deus. Eu fui par a seleção, joguei a Copa do Mundo, ganhamos, mas eu não tinha muita responsabilidade.
Depois tivemos a de 62, 66 e ai teve a de 70, que dizem que foi a melhor Copa e a melhor seleção que o Brasil já teve. Essa sim eu tive responsabilidade porque eu já era um jogador experiente, já tinha tido a oportunidade de representar a seleção. Essa foi difícil para mim. Acho que esta foi a mais importante e difícil porque foi a ultima copa que eu ganhei.
Agora uma última pergunta….
Nunca a última, eu sou muito jovem ainda. (Risos)
Recentemente, vimos algumas pessoas dirigirem críticas duras a você por defender a Copa do Mundo. Como você lida com esse tipo de comentário mais duro? Chega a te magoar?
É claro que eu sinto. Quando você procura fazer o bem, promover e enaltecer o nome do seu país e encontra grupos que não te entendem, é claro que isso te aborrece um pouco. É claro que não vai ser a primeira vez, nem ser a última vez que isso acontece, mas eu continuo dizendo o seguinte: Quando eu joguei minha primeira Copa do Mundo, aos 17 anos na Suécia, ninguém conhecia o Brasil.
Eles achavam que o brasileiro falava Amazona. Eles falavam “Argentina, Brasil?”. Ninguém conhecia o Brasil. Depois que nós fomos campeões, o Brasil se tornou mais reconhecido no mundo por causa do futebol . É isso que eu procuro passar.
É claro que temos que combater os problemas políticos e de corrupção do país, mas isto não pode atrapalhar o maior promotor do Brasil. Eu acho que o futebol não pode ser prejudicado por causa dos corruptos que tem na política. É só isso que eu falei. E é claro que muita gente que não gosta de ouvir isso.
Fotos: Gui Cury, do Moda Para Homens
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