O que você quer ser?

Colunista fala sobre o amor e o sentimento de posse.

O que você quer ser?

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Quando eu era criança, a pergunta era recorrente: “O que você quer ser quando crescer?”. Eu respondi muitas coisas ao longo dos anos. Lembro claramente quando queria ser jogador futebol e como era brigão em campo. Depois, quis ser médico; acho o máximo esse negócio de ser heroi todo dia.

Tive uma época em que só pensava em ser hippie, daqueles que viajam o mundo o tempo todo; lembro com carinho disso. Quase fui advogado, até passar no vestibular para Administração.

Na faculdade, a pergunta vinha dos colegas e professores. O que eu queria ser? Bem, eu estava ali para ser alguém, menos funcionário público. Ainda que hoje a instabilidade financeira, às vezes, me faça cogitar um concurso, ainda sigo com alguma firmeza essa romântica independência.

Pra falar a verdade, eu sempre soube mais o que não queria do que o inverso, ia por eliminação. Foi assim no âmbito amoroso também. Como se pudesse ser mais pragmático nessa área do que na profissional, sei com alguma exatidão o que não quero ser em uma relação afetiva.

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Claro que depois de tomar algumas lições às mais duras penas. Diferente de Leo Jaime e Leoni, já sei não pretendo encontrar a fórmula do amor. Li em algum lugar que a busca é justamente o que nos traz infelicidade.

Se você jogar “coração” no Google, repare quantas vezes vai aparecer na busca o coração humano, realista. Ser romântico, pra valer, é justamente não tomar posse. Sejamos um pouco mais objetivos, você pode ser dono de uma casa, ou deste computador de onde me lê, mas nunca será dono de alguém.

Ainda que as pessoas sejam manipuláveis (e manipuladoras), não há um botão de liga/desliga no que cada um está sentindo. O amor não é uma imagem no site de buscas e é impossível projetar no outro a sua ideia de felicidade como um espelho; sempre se distorce. Embelezar e disfarçar toda e qualquer imperfeição é uma sentença ao “eu vou superar”, o manifesto do que poderia ser e não foi.

É natural se apaixonar, querer estar junto e até planejar um futuro. Acho que por isso meu carinho à lembrança hippie, que citei logo no começo. Se todo mundo já foi feliz vivendo algo onde não há regras, é anti-natural aprisionar aquilo que é um dos maiores prazeres do homem. Vamos lá, fazer a paz encontrar o amor, e vice-versa. Não é o que você quer ter, a discussão aqui é outra, e eu que pergunto: o que você quer ser agora?

 Texto escrito por Marco Sá, dono do Em Sá Maior. carioca, músico e poeta de poucas métricas. Administrador por formação e redator por vocação. Adora essas coisas de internet e só não joga nas onze porque é baixinho.

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Marco Sá
Marco Sá

Dono do Em Sá Maior (emsamaior.com) carioca, músico e poeta de poucas métricas. Administrador por formação e redator por vocação. Adora essas coisas de internet e só não joga nas onze porque é baixinho.

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