Não existem palavras mais prejudiciais do que “Bom trabalho”

São poucas as pessoas que usam arranhar a parede de suas zonas de conforto para conquistarem seus objetivos

Não existem palavras mais prejudiciais do que

“Não existem palavras mais prejudiciais do que: Bom trabalho. (…) Charles Parker é um rapaz que tocava sax muito bem. Um dia, subiu no palco para uma sessão de jazz e fez merda. O público começou a vaiar e ele teve que sair chorando do palco.

Ele chorou até pegar no sono naquela noite, mas na manhã seguinte sabe o que ele faz? Ele treinou. E treinou, e treinou de novo com apenas uma coisa na cabeça: Nunca mais falhar no palco.

Um ano depois ele subiu no palco e tocou o melhor solo de sax que o mundo já ouviu. Agora, imagina se alguém dissesse para ele: ‘Charles, bom trabalho’, e ele pensasse: ‘É, fiz o meu melhor’. Fim da história. Nunca teríamos o melhor saxofonista da história. E isso para mim é uma tragédia. Mas parece que é só isso que o mundo quer hoje em dia.”

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Essa fala dita pelo personagem Terence Fletcher, interpretado pelo ator J.K. Simmons, talvez tenha sido a que mais me marcou no filme “Whiplash”. Ela resume um linha de pensamento moderno – e tipicamente brasileira – onde todo e qualquer esforço, por menor que seja, é válido, e deve ser recompensado por um simpático “Tudo bem, pelo menos você tentou”.

Vivemos em uma sociedade onde são poucos os que buscam chegar perto perfeição. Pior.

São poucas as pessoas que sequer ousam arranhar a parede de suas zonas de conforto para conquistarem seus objetivos de vida. Fazem o mínimo possível, recebem – ou dizem para si mesmas – um “Ah, ficou ok” e voltam para suas vidas medíocres, onde reclamam que não são ricas, não tiveram oportunidades ou sofrem de falta de sorte.

Muitos até acreditam que, só porque fizeram algum esforço, o resultado deveria receber elogios, ao invés de analisarem o resultado de sua obra e se perguntarem: “Aonde eu posso melhorar?”

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A questão em si não é uma busca insana e não saudável pela perfeição como a que acontece no filme. Mas sim, que há espaço para uma pessoa melhorar e se desenvolver.

Vivemos em um país onde nem todos tem as mesmas oportunidades, mas fora da escala da miséria, o comodismo dita as regras. Quantas vezes nos contentamos com o mais ou menos ou apenas com um resultado mediano?

Quantos não são os alunos que frequentaram mais o bar do que sala de aula e aí vão chorar para o professor por um trabalho extra para poder passar de semestre? Comemoram o 5 em uma matéria que não assimilaram nada como uma conquista ou vitória: ‘Tudo bem, pelo menos passei.”

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Os exemplos são vários e vão desde o funcionário que faz um trabalho meia boca e não entende porque não é promovido no escritório, até o artista que faz uma obra ruim e se fecha para as críticas, afinal, ele fez o melhor dele.

Em entrevista ao site Hitfix, o ator J.K. Simmons disse concordar com a teoria de seu personagem:

“Eu acredito que as crianças e jovens de hoje são super elogiados por qualquer coisa.  (…) Eu concordo com essa filosofia e foi uma das principais coisas que me atraíram no roteiro. Você consegue entender quem esse cara é, da onde a paixão dele vem e porque ele não pode aceitar mediocridade ou falta de compromisso. Óbvio, os métodos dele são extremos. Não concordo com eles. Mas a filosofia é algo que eu poderia claramente viver seguindo.”

Um elogio é bom e motivador. Você precisa deles. Mas uma crítica pode te ajudar a botar seu projeto nos trilhos certos. Errou? Reavalie, estude, refaça, se desenvolva.

Disciplina, estudo, resiliência, paciência e repetição. São a fórmula para se desenvolver pessoalmente e profissionalmente.

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Leonardo da Vinci não acordou um dia, pintou a Mona Lisa de qualquer jeito e se tornou reconhecido pelo mundo. Existem centenas de rascunhos e estudos do pintor que mostram o caminho que ele trilhou para chegar aonde chegou. E o mesmo vale para quase todos homens de sucesso.

Vença a preguiça e covardia para conquistar seus objetivos. Sejam eles arrumar um emprego melhor, uma namorada ou compor uma música.

O mundo não vai se adaptar a você. Você tem que estar disposto a ser a pessoa que faz o esforço a mais. Ou será que está tudo bem e você aceita a condição onde está? Se for só isso, então, bom trabalho.

Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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