Amor de filho: a força que dá sentido ao que é ser homem

Não existe relação mais fantástica do que a de pai e filho

Não existe relação mais fantástica do que a de pai e filho

Algumas coisas na vida são um privilégio. Conseguir colher da rotina a beleza da nossa vida cotidiana é uma delas. É uma arte, na verdade. A arte de saber aproveitar os pequenos momentos que acontecem entre viagens, jantares e festas.

A família assume um papel fundamental na construção dessa obra. É com ela que compartilhamos todos os momentos chatos e rotineiros das nossas vidas. O que muitas vezes não percebemos é que, mais do que qualquer outro momento especial, esse dia a dia é que constrói, lá na frente, nossa obra prima.

Eu me considero um homem privilegiado e, antes que me faça entender errado, ainda não sou pai. Mas sou privilegiado por poder contemplar, ao meu redor, esse tipo de relação que pela primeira vez acompanho desde o início. Além, é claro, da minha própria relação com meu pai, que nada menos é que um capítulo maravilhoso da minha vida.

Em 2011 saí do trabalho em frenesi. Ao chegar ao hospital, troquei logo um olhar com meu irmão, que aguardava emocionado o nascimento de seu primeiro filho. Naquele momento eu, que compartilhei com ele os primeiros anos da minha vida, tive a mais completa noção do que estava prestes a acontecer. Que a vida dele, e a nossa, ia mudar completamente.

Amor de filho a força que dá sentido ao que é ser homem


(Felipe e seu pai, Rafael)

De lá para cá, cada momento que passo com eles é uma oportunidade de contemplação do que o amor é, na sua mais pura forma. Acompanhar a evolução de um bebê, que a cada dia vai demonstrando mais e mais traços de sua própria personalidade. Observar o olhar orgulhoso do pai em cada pequena evolução. Ver de perto as mudanças que fazem, dia a dia, do meu irmão um novo homem.

De toda essa relação, o que sempre me emociona mais e me lembra da minha própria infância, é a confiança que o pequeno Felipe tem nos pais. Amar incondicionalmente, confiar cegamente, acreditar em cada palavra e deitar-se todos os dias sabendo que o mundo vai estar lá no dia seguinte, seguro e tranquilo como sempre foi. Essas são coisas que apenas uma criança consegue fazer. Que inveja eu tenho.

Quando os filhos começam a desenvolver hábitos e gostos parecidos com os de seus pais, enchendo a todos de orgulho, muita gente acha que se trata de um capricho egocêntrica, onde nos dá prazer projetar nas crianças nossas próprias vontades.

Amor de filho a força que dá sentido ao que é ser homem 2

Eu acredito em algo completamente diferente. Ao ver uma criança criar essas afinidades com seu pai, o orgulho todo reside em perceber que existe uma pequena vida que, por incrível que pareça, te escolheu como exemplo. Logo você, cheio de inseguranças, dúvidas, preocupações. Seu filho não quer saber nada disso, ele acha você o máximo e se parecer com você para ele é a melhor coisa do mundo. Essa fé de um filho no pai é uma das coisas mais emocionantes da vida.

Quando saí da faculdade meu pai me disse para prestar atenção. Que em muito pouco tempo, muito tempo teria se passado. A sua vida vai voar, ele disse. O alerta foi um excelente conselho. O que ele quis me dizer é para não deixar a rotina massacrar os momentos que realmente valem a pena pois, se não ficarmos de olho, tudo vai ter passado de repente.

E desde então tenho vivido atento e percebido que essa rotina chata é basicamente o tempero que dá o principal sabor da vida. Não dar atenção a isso é se tornar prisioneiro da adrenalina. Refém da necessidade de viver em festas, boates, bares. É achar que precisamos viver todos os dias os momentos mais incríveis possíveis. Momentos esses, que no fim não agregam significado.

Significado está em construir na vida algo, naturalmente, significante. Relações, amor e legado são bons exemplos de coisas que valem a pena cultivar.

Texto escrito por Fred Palladino. Jornalista por formação e acumulador de funções por escolha. Gosto especial por sociologia, amigos e cerveja.

 

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Colaboradores MHM
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