Depois de tomar um revés do mercado de cervejas artesanais, sendo superada em sua terra natal, EUA, a Budweiser resolveu dar um troco em sua propaganda no Super Bowl.
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Na noite da final do futebol americano, a cerveja apresentou um comercial em que satiriza os bebedores de cervejas artesanais.
Com várias frases provocativas, a cervejaria da gigante Anheuser-Busch InBev fala que “Tem orgulho de ser uma cervejaria grande”, contrariando os ideais das micro cervejarias dos EUA e do mundo inteiro. Revela que a cerveja da marca é feita para pessoas que gostam de beber cerveja, não para ser mimada ou dissecada. E termina com: Que eles degustem sua Ale de abóbora e pêssego.
Um estudo recente da empresa, descobriu que 44% dos consumidores com idade entre 21 a 27 diz nunca ter tentado a marca, no The Wall Street Journal. Budweiser é a terceira marca de cerveja mais popular nos Estados Unidos, atrás de Bud Light e Coors Light. No pico da marca em 1988, ela estava vendendo 50 milhões de barris de cerveja por ano. Esse número caiu para 16 milhões de barris. As craft beer (ou cervejas especiais), distribuíram 16,1 milhões de barris, superando a marca em 2013.
Brian Perkins, VP de Marketing da Budweiser, declarou que não houve nenhum tipo de ataque: “Isso não é um ataque às craft beers, isso não é um ataque aos competidores. É uma firme e orgulhosa declaração do que é a Budweiser, uma cerveja despretensiosa para aqueles que conhecem cerveja”.
Ao mesmo tempo, ele concorda que os beerchatos foram alvo da brincadeira: “Existe uma pequena parte do mundo cervejeiro que vira a cara para os pretensiosos analistas de cerveja. Esse é um lado da cerveja que ninguém gosta e é a antítese de tudo o que a Budweiser representa”. Vale lembrar que a micro cervejaria Elysian, última aquisição da gigante cervejeira, já produziu um rótulo de abóbora e pêssego.
Particularmente, eu sou um franco consumidor dos rótulos especiais por já ter passado a barreira das cervejas mainstream. Gosto dos aromas, sabores e diversidade que só uma craft beer pode proporcionar. Resumindo: ganhei maturidade no paladar.
Ao mesmo tempo, sei que sem os rótulos comerciais jamais teria chegado a conhecer e degustar as bebidas as micro cervejarias. Assim como eu, sei que existe um público enorme que ainda não passaram pelo processo em que eu já passei.
Mas sinto que esta ditadura do que é bom é o meu e o resto é o lixo tem atrapalhado e, muito, o setor cervejeiro. Assim como se fosse um time de futebol, você precisa escolher um lado e defendê-lo com unhas e dentes, o das cervejas artesanais ou das comerciais. Às vezes, você precisa esconder que pode sentar no bar um dia qualquer, tomar uma cerveja mainstream sem medo de reprovações ou caras feias.
O milho é o grande vilão? Cerveja mainstream não pode ser considerada cerveja? Estas e outras grandes discussões enchem a minha timeline no facebook. O final não tem vencedores e nem vencidos. Não costumo tomar uma cerveja mainstream em casa, mas sei que ela pode ser válida em várias ocasiões, até pelo baixo valor cobrado (sim, ela é muito mais barata aqui no Brasil).
E, você quer saber qual foi a cerveja mais foda que tomei nos últimos meses, vou dizer: uma Schincariol que provei com meu avô, em sua casa no interior de Pernambuco, que há anos não visitava. O que conta neste caso não é a bebida, mas a experiência que passei quando tomei a cerveja.
Resumindo o papo todo. Gostei da postura e posicionamento da marca Budweiser, embora ache que escolher um rótulo especial não é frescura e sim maturidade gastronômica. Por isto, afirmo: você toma o que quer, quando quer e ninguém tem a ver com isto!
Ps1: Brincadeiras à parte, recomendo a Jerimoon, a cerveja Pumpkin Ale Bier Hoff, o aroma remete a doce de abóbora com especiarias é que tem um gosto fantástico.
Ps2: Para quem está curioso com cervejas com pêssego, recomendo a Pêche Lambic, da Lindemans, feitas em fermentação espontânea.
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