Vale a pena ter (e manter) um carro?

Carro, hoje em dia, é algo tão acessível que cerca de 1 em cada 4 brasileiros tem seu possante, esteja ele estacionado em uma garagem, rodando em uma estrada ou parado no engarrafamento de cidades como São Paulo. Impostos menores, crédito facilitado e aumento de renda do trabalhador são ingredientes que aceleraram o resultado. Mas […]

Colunista questiona a sua real necessidade de comprar um carro

Carro, hoje em dia, é algo tão acessível que cerca de 1 em cada 4 brasileiros tem seu possante, esteja ele estacionado em uma garagem, rodando em uma estrada ou parado no engarrafamento de cidades como São Paulo. Impostos menores, crédito facilitado e aumento de renda do trabalhador são ingredientes que aceleraram o resultado. Mas o carro está longe de ser o meio de transporte mais barato.

Reportagem do site Motor Dream mostra que entre 2001 e 2011, a frota de veículos mais do que dobrou, passando de 32 milhões de veículos para “70,5 milhões de veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, carretas e motocicletas. Este número é 121% maior na comparação com a frota que circulava pelo país em 2001”.

É tanto carro na rua que as pessoas acham normal passar mais de duas horas para andar 15 km ou 20 km. “Uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde [OMS] aponta que quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais decorrentes do ritmo de vida alucinado da metrópole. Os casos mais comuns envolvem transtornos de ansiedade e de comportamento, mas há também o transtorno explosivo intermitente, causado principalmente por situações de estresse no trânsito.”

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Além do estresse, o carro é caro. O carro é o maior vilão do endividamento da Classe C. Os gastos com um veículo, da prestação aos documentos, são quase R$ 1 em cada R$ 4 do que a classe média faz em compras a prazo. Uma pesquisa mostrou que eles representam 27,6%. Em seguida, aparecem a compra de imóveis e gastos com reformas (18,5%).

Sem perceber, você destina mensalmente uma boa parte de sua renda pra combustível, pedágios, manutenção, estacionamento, avarias, etc.

Uma pesquisa feita pelo economista Samy Dana, da FGV, mostrou que compensa mais andar de táxi do que de carro em alguns casos em São Paulo. Segundo o resultado, publicado no jornal Folha de S.Paulo, “para quem roda até 15 km por dia entre ida e volta (do trabalho, por exemplo), o táxi sai (1%) mais barato do que manter um veículo de R$ 40 mil (preço médio dos carros novos vendidos no país)”.

“O custo anual para rodar aproximadamente 5.500 km com carro particular é de cerca de R$ 17.300. Isso quando o dono arca com combustível e todas as taxas, como inspeção, seguro e estacionamento. A depreciação do veículo também está inclusa –o Datafolha calcula que o carro perde 7% do valor ao ano.”

“Considerei ainda que o valor de um carro médio aplicado renderia R$ 300 por mês. Isso custearia quase uma semana de táxi em trajetos curtos”, calcula Dana.

O educador financeiro Mauro Calil diz que o carro pode ser de primeira necessidade, mas não faz sentido ter um segundo carro (aquele para “evitar o rodízio”), como mostra este texto do site Exame.com. “Se a família já tem um carro, ela pode pensar em apenas o marido ou a esposa andar de carro e o outro usar táxi. Assim, eles podem economizar mais e em vez de ter dois carros populares, podem até pensar em ter apenas um único carro, mais confortável e com isso ter um aumento de status”. O site ainda traz uma tabela interessante do custo de andar de carro ou de táxi em cinco cidades.

Vale a pena ter um carro

Eu sou dos que prefere não ter carro – por motivos de trauma mesmo, além de eu achar carro um bem caríssimo. Ao longo do ano passado, me desloquei até o trabalho principalmente usando moto. O gasto com combustível, por exemplo, era de R$ 200 a cada 15 dias. Um colega que faz um trajeto parecido com o meu, de 50 km por dia, ida e volta, gasta quase R$ 500 para rodar meio mês com o carro dele.

Mas desde o começo de 2013 adotei um deslocamento ainda mais econômico, misturando bicicleta, metrô, trem e caminhada. A distância de casa para o trabalho continua a mesma, mas a conta agora é só a dos bilhetes do metrô (R$ 6, ida e volta). No mês, tenho gastado em torno de R$ 130.

A economia, se não apareceu no tempo do trajeto (de 1h30 a 2h só a ida, contra 35min de moto), surgiu de uma forma diferente: me sinto mais leve não sendo responsável por colocar nas ruas uma tonelada de metal, plástico e borracha. E ganhei em tempo de leitura também – para quem consegue, o metrô é incrível para zerar aqueles livros começados e esquecidos.

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>> Texto colaborativo de Marcel Gugoni. Jornalista, dono do blog Chega de Dívidas, fã de economia e finanças pessoais, que precisou quebrar pra aprender a importância de guardar dinheiro. Hoje é (praticamente) um poupador compulsivo.

Colaboradores MHM
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