Como lidar com um relacionamento durante um intercâmbio

Entrevistamos duas pessoas com experiências completamente diferentes durante um intercâmbio e elas compartilharam suas dicas para encarar a distância.

Há quem diga que o amor supera a distância e que não importa o tempo longe, o sentimento segue o mesmo em qualquer lugar do mundo. Por outro lado, há quem enxergue a distância como um empecilho sim, mesmo vivendo um relacionamento repleto de confiança e amor.

Então, nesse cenário, como lidar com o namoro durante um intercâmbio? Dá pra encarar oito meses longe da namorada sem que o sentimento esfrie ou aconteça uma traição?

Entrevistamos duas pessoas com experiências bem diferentes e, consequentemente, com respostas diferentes para essas dúvidas.

É possível encarar um intercâmbio e manter o relacionamento?

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Para a maioria das pessoas que passa por uma experiência longa no exterior, é possível sim. Pode ser difícil e doloroso lidar com a saudade mas, com o tempo, as experiências vividas por ambos, ao serem compartilhadas através do skype, e-mail ou conversas por WhatsApp, podem fortalecer os laços de um namoro.

Aline Terras, Analista de Conteúdo de 25 anos, encarou o intercâmbio do seu namorado há cerca de quatro anos e disse que as primeiras semanas foram as mais difíceis: “Como nós já namorávamos a bastante tempo estávamos acostumados a ter um ao outro o tempo todo”.

Além disso, pra quem fica é sempre mais complicado lidar com as mudanças na rotina: “É complicado aceitar que a vida do outro está mudando, ou seja, os horários ficam complicados, ás vezes não dá pra falar todo dia. Acima de tudo tem a saudade que nenhum Skype ou ligação telefônica resolve”.

Para Fernando Rezende, Analista de Recursos Humanos de 25 anos, programas como o Skype ajudam, mas não alivia a saudade: “O contato que você tem com seu parceiro, pelo menos pra mim, é muito importante. Falar por Skype é muito impessoal na minha opinião”.

Fernando realizou seu intercâmbio há cerca de cinco anos e, ao contrário de Aline, que segue com o namorado, Fernando terminou o namoro algum tempo depois de voltar de viagem.

Antes de viajar, é preciso criar regras específicas?

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Muitas pessoas abrem o relacionamento quando encaram uma longa viagem. Muitas outras preferem continuar seguindo o mesmo padrão e, como justificativa, argumentam que a distância não pode mudar o relacionamento.

Para Aline Terras, por exemplo, novas regras não foram criadas: “As ‘regras’ que já existiam antes da ideia do intercâmbio existir continuaram existindo durante a viagem. A única coisa que deixamos claro um para o outro é que iríamos aproveitar nossa vida ao máximo, independente da distância”.

Quando a viagem aconteceu, pequenos padrões de comunicação surgiram, mas nada muito específico: “Não definimos nada. Nos falávamos quando os horários batiam, porque além do fuso horário, eu trabalhava durante o dia e ele à noite. Passávamos madrugadas nos falando, mas não deixamos de fazer nada de importante porque tínhamos a obrigação de falar um com o outro”.

Quando Fernando Rezende soube que faria intercâmbio, deixou claro para sua namorada da época que o namoro continuaria mesmo com a distância. Ele, assim como o namorado de Aline Terras, ficaram mais de seis meses em Dublin mas viveram situações bem diferentes.

A distância pode mudar os sentimentos do casal?

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É preciso ser realista e entender que cada casal é um casal e cada situação é diferente. Alguns casais conseguem encarar a distância mantendo a fidelidade e, ao se encontrarem novamente, seguir naturalmente os seus planos de casal. Outros, não.

Fernando, por exemplo, acha que uma viagem muito longa pode ser mais prejudicial para um casal do que um intercâmbio mais curto. Porém, ele é consciente ao descrever a particularidade da situação: “Mas eu também não estava muito maduro na época para um relacionamento sério, principalmente à distância”.

As vantagens e desvantagens para um relacionamento, entretanto, são claras. Aline aponta os dois lados: “A viagem em si tornou nós dois menos dependentes um do outro. Por outro lado, logo quando a pessoa volta é difícil ‘abrir mão’ de um pouco desta liberdade. Você tem que readequar novamente sua vida de ser um, para uma vida a dois. No geral, foi uma experiência boa para nós dois”.

No relacionamento de Fernando, a experiência resultou em algo diferente: “O relacionamento ficou mais frágil. Nós nos distanciamos demais e o sentimento mudou. E eu percebi que não gostava tanto dela”.

Mas ele explica que as consequências de um intercâmbio, pra ele, dependem dos reais sentimentos do casal: “Não acho que a distância pode atrapalhar um namoro. Acho que a distância vai mostrar realmente o verdadeiro sentimento das pessoas. No meu caso descobri que não amava minha namorada. Conheço outras pessoas que mantiveram o namoro e ficou mais forte ainda. Se fizesse hoje com certeza seria diferente por estar mais maduro e seguro do meu sentimento com minha namorada”.

Aproveite a distância pra viver algo novo!

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Se você for fazer o intercâmbio, você já vai ocupar seu tempo com experiências novas e aprender muito. Mas, se você ficar na sua cidade enquanto a sua namorada viaja, aproveite para fazer o mesmo! Aline Terras deu a dica: “Eu fiz pós-graduação, dei mais atenção aos meus amigos, passei mais tempo com a minha família. Foi um tempo proveitoso pra mim também. Me fez crescer e fortaleceu nosso relacionamento também”.

Ou seja: se a sua parceira vai aproveitar alguns meses para investir no futuro profissional e até conhecer uma cultura nova, você também pode, e deve, fazer o mesmo. Tire o maior proveito da situação e compartilhe suas experiências com ela mesmo à distância.

Quando a saudade apertar, tenha paciência. Seus horários serão diferentes, seus compromissos também. Nem sempre ambos vão conseguir se falar o tempo todo e, mesmo agora, com WhatsApp e outras ferramentas de comunicação, nem sempre ambos estarão disponíveis ao mesmo tempo.

Confiança e segurança são peças-chave. E, se você achar que não é legal encarar uma viagem dessas namorando, siga a mesma linha de pensamento que Aline Terras seguiu: “Desde o primeiro momento, eu apoiei. Não digo que é uma situação fácil, mas eu acredito de verdade que precisamos apoiar as decisões do outro dentro de um relacionamento, senão a gente cria uma frustração, que mais cedo ou mais tarde virá à tona”.

Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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