Adidas e Nazismo: Entenda a ligação entre a marca e o regime fascista

Conheça a história por trás da criação da Adidas e como ela se relaciona com o regime Nazista

Em agosto de 1936, um jovem negro de 22 anos marcou a história dos esportes Olímpicos. Jesse Owens conquistou quatro medalhas de ouro em pleno estádio olímpico de Berlim na frente de Adolf Hitler e seus comandantes. Um tapa na cara do conceito de supremacia branca que o ditador pregava.

Essa história é uma clássica história do esporte. Porém um detalhe, o que poucos sabem é que os calçados do atleta americano na verdade eram alemães.

Eles foram criados pela família Dassler, uma proeminente família de sapateiros da região da Baviera que em poucos anos dariam origem a uma das maiores marcas da história dos materiais esportivos.

Entenda a relação entre a Adidas e o Nazismo

Após o final da primeira Guerra, na pequena cidade de Herzogenaurach, na região da Baviera, na Alemanha, a família Dassler estava em más condições. Assim como toda Alemanha. O patriarca da família estava desempregado e a lavanderia da senhora Dassler ia de mal a pior.

Recém chegado do final da Primeira Guerra Mundial, o filho mais novo, Adolf Dassler, também conhecido como Adi, saia frequentemente para passear pelos campos e florestas em busca de pedaços de couro, paraquedas rasgados e qualquer coisa que tivesse sobrado do conflito.

Ele pegava tudo que encontrava e transformava os pedaços em calçados. Sua habilidade e suas criações começaram a chamar atenção dos moradores da região. Em, 1923, o irmão do meio da família, Rudolf, se juntou a Adi para ajudá-lo nos negócios. Juntos, eram a dupla perfeita.

Adidas e o Nazismo

Adi era o pensador. Trabalhava sozinho em sua sapataria, sempre pensando em como poderia melhorar suas criações. Já Rudolf era um homem de negócios. Um vendedor nato que fazia com que as obras de Adi não parassem em sua loja.

Com os negócios crescendo, eles criaram a Gebrüder Dassler Schuhfabrik que em bom português significa Fábrica de Sapatos dos Irmãos Dassler.

Eles chegaram a fazer alguma grana, mas o pós-guerra não era o melhor período para empreender em uma Alemanha completamente quebrada. No entanto, a época de vacas gordas estava para chegar para a família da Baviera. O problema é que ele viria de um pacto com o diabo. Ou melhor, com os nazistas.

Conforme o partido nazista de Adolf Hitler avançava no poder, mudanças eram feitas na Alemanha. Inimigos políticos eram presos, partidos trabalhistas fechados, judeus eram perseguidos e a educação da juventude nazista ganhou atenção do partido.

A ascensão Nazista e a influência nos negócios dos Dassler

Adidas e Nazismo

As atividades físicas foram um pilar essencial da estratégia de Hitler. Segundo o próprio escreveu no Mein Kaimpf, o corpo impecável de jovens alemães poderia ser transformado em soldados perfeitos em menos de dois anos. Ou seja, jovens saudáveis na adolescência gerariam bons soldados no futuro.

Com esse investimento nos esportes, homens de negócios que aceitassem fechar os olhos para os absurdos do nazismo tinham lucro garantido. Dizem os rumores que os Irmãos Dassller não compravam cem por cento o ideal nazista, mas eles também não recusaram o dinheiro sujo de sangue do partido

Rudolf parecia apoiar mais o regime enquanto Adi apenas queria continuar criando produtos para o esporte, sua maior paixão. Aproventando a moda do momento, os dois se regristram como membros do partido nazista.

O papel das Olimpíadas de 1936

Crédito: Reprodução

Com a chegada das Olímpiadas de 1936, Adi queria colocar suas criações nos pés dos maiores atletas do seu país e do mundo.

Como era amigo do técnico da equipe de corrida alemã, conseguiu acesso na Vila Olímpica e tentou colocar seus calçados no máximo de corredores que conseguisse. Um deles, era justamente Jesse Owens, que veria a protagonizar uma das maiores humilhações do regime nazista.

Mas ninguém do partido nazista pareceu se ligar que Jesse Owens tinha calçado o tênis dos irmãos e sua influência no regime só crescia. Adi foi chamado para se tornar técnico dentro da juventude nazista e a fábrica dos irmão virou fornecedor de material esportivo para os jovens do país.

Porém, mais de uma vez, Adi se negou a demitir algum funcionário específico de sua fábrica a mando dos nazistas. O que irritava – e muito – seu irmão.

Apesar dos negócios estarem dando super certo, a relação entre os irmãos só piorava. Os dois moravam juntos em uma casa de três andares, próxima à fábrica onde trabalhavam.

Não bastasse brigar com seu irmão Adi, Rudolf também tinha diversos bate-bocas com a esposa dele. Com a chegada da guerra, a divisão entre os dois lados da família iria piorar.

Durante um bombardeio, a família Dassler correu para o porão, que servia como abrigo antibomba. Rudolf chegou primeiro. Enquanto Adi entrava com sua família, teria dito como “Olha ai os porcos novamente”, se referindo aos bombardeiros ingleses.

Porém, Rudolf achou que o comentário teria sido destinado para ele e sua família, e foi para vias de fato com seu irmão. Os dois caíram na porrada enquanto bombas caiam sobre suas cabeças.

A guerra foi avançando e a relação dos irmãos só piorou

Em 1943, mais e mais alemães estavam sendo mobilizados para os fronts de batalha. Rudolf foi mandado para um posto na Polônia e culpou Adi por isso. Ele achava que o irmão tinha mexido pauzinhos dentro do regime para afetá-lo.

Crédito: Reprodução

Quando os aliados invadiram a cidade, ambos irmãos tiveram que responder por seu envolvimento com os nazista. Em seu julgamento, Rudolf afirmou que o irmão, Adi, era um fiel seguidor do nazismo e tinha feito de tudo para conseguir lucros aos custos de vidas humanas.

Porém, o ex-prefeito da cidade, um judeu, deu um depoimento dizendo que Adi sempre esteve mais preocupado com esportes do que com politica. E que o mesmo tinha salvado sua vida ao avisar de uma vez que Gestapo ia tentar capturá-lo e mandar pro campo de concentração.

Em 1946, Adi foi julgado com uma Mitlaufer, uma das mais leves acusações do processo de desnazificação da Alemanha. Pode sair livre e tocar sua vida. Já Rudolf, foi preso por um ano. Como sempre, acreditou que seu irmão Adi tinha tramado contra ele para que ele ficasse na prisão.

Em 1948, os irmãos finalmente dividiram sua fábrica em duas partes. Chamaram todos os funcionários da Dassler Schuhfabrik e deram a eles a oportunidade de escolher com quem gostariam de trabalhar. Dois terços da empresa escolheu ir com Adi. Eram em sua grande maioria sapateiros e designer. Já Rudolf acabou ficando com boa parte do time de vendas da empresa.

Rudolf queria nomear sua nova empresa de Ruda, porém, foi persuadido a escolher um nome mais internacional. Puma foi o escolhido. Já Adi, apenas fundiu seu primeiro nome com o começo de seu sobrenome. Adidas. E foi assim que duas das maiores empresas de material esportivo do mundo foram criadas.

Adidas e Nazismo

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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