Homem tem mais medo de engravidar uma mulher ou contrair HIV?

Você já transou sem camisinha. Eu já transei. E muitos outros jovens e adultos ainda vão trepar sem o preservativo.

“A camisinha é o sapato de cristal da nossa geração. Você calça um quando conhece um estranho, dança noite toda, depois joga fora. A camisinha, é claro, não o estranho” – Clube da Luta

Seria bacana se a frase do Clube da Luta fosse uma realidade constante entre nós homens. Não é. Você já transou sem camisinha. Eu já transei. E muitos outros jovens e adultos ainda vão trepar – e muito – sem o preservativo. Por que? Dois motivos em especial.

Por mais que as marcas se esforcem bastante, transar sem camisinha ainda está longe do que é a relação no pelo. Todos nós sabemos disso.

E, o segundo, é que o homem ainda acha que as chances dele pegar um vírus, como o HIV, ou uma DST são bem menores do que de embarrigar uma moça.

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Falo por experiencia própria.

Lembro de um caso especial em que transei sem camisinha com uma garota que conhecia há pouco tempo. Ao terminar o ato, foi quando me toquei e perguntei: “Escuta, você toma pílula?”. Após ela afirmar que sim, nos aninhamos e passamos o resto da noite juntos. “Ufa”, pensei.

Levei a moça pra casa dela no meio da madrugada, voltei para minha, dormi, acordei, comi, joguei meu FIFA, vi algum filme ruim (algo que eu faço todos os domingos), sai para dar uma volta com o meu cachorro e, só no fim da tarde me perguntei: “E se ela tiver alguma coisa?”

Não tinha. Graças a Deus.

Quem tem medo do HIV?

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Um estudo recente, apontou que 45% da população brasileira não usa camisinha. Mas isso não quer dizer que o povo esteja namorando mais ou apenas transando com o mesmo parceiro. Em 2004, a porcentagem de pessoas que tinha mais de 10 parceiros sexuais durante toda a vida era de 19%. Hoje, em dia subiu para 44%.

Ou seja, as pessoas estão transando mais e sem camisinha.

Apesar dos números, nunca reparei uma preocupação crescente entre amigos e desconhecidos. Pelo contrário, se o vírus causou um terror na sociedade dos anos 80, hoje em dia tem gente que finge que ele é apenas uma marolinha.

Mesmo com todas as aulas de educação sexual e campanhas de conscientização do HIV, nós ainda acreditamos que a AIDS é algo que só acontece com o vizinho.

Uma parte disso – não a maior dela – acredito que vem de que o risco de um homem heterossexual contrair HIV via sexo vaginal é menor do que uma mulher ou homossexual pegarem o vírus. Mas acho que mais do que isso, é uma questão de confiança exacerbada.

Quem vê cara, não vê exame de sangue

Nem sempre uma transa é algo incrível e inesquecível.

Puxei a polêmica no meu perfil pessoal no FacebookVia conversas individuais, fui perguntar para as pessoas porque elas transam sem camisinha sem medo de contrair HIV.

A principal resposta foi que, na maioria das vezes, eles não transam com qualquer pessoa. A maioria dos homens – e até mesmo algumas mulheres – garantem conhecer a procedência de suas parceiras sexuais.

Logo, na cabeça deles, um homem pode olhar para uma mulher e concluir se ela está contaminada com algo ou não. O que ele não pode controlar é se a moça realmente toma a pílula ou não. E se toma, será que toma direito.

Uma DST ou um vírus como o HIV parece coisa de filme. Algo que está longe da sua realidade. Medo mesmo é que a moça engravide e ele acabe preso a vida inteiro aquela pessoa, tendo que deixar suas diversões de lado e pagando pensão alimentícia para sempre. Ou até os 18 pelo menos.

O mal que a gente esqueceu

Blogs e sites mostram como passar doença sem conhecimento do parceiro(a)

O maior trunfo do diabo foi fazer com que os homens pensassem que ele não existe.

Apresentando o cenário, não preciso dizer que as coisas não andam fluindo muito bem para o lado de quem transa sem camisinha.

Nos últimos dez anos, o número de jovens portadores do vírus HIV entre 15 e 24 anos cresceu 32%. A cada ano, 39 mil novos casos são detectados no Brasil.

O problema é que, com a popularização dos anticoncepcionais nos últimos anos, homens heterossexuais criaram uma espécie de escudo imaginário ao redor do próprio pau. Por muitas vezes, eu estou incluso nesse pensamento também.

A real, é que sim, ter um filho indesejado é um problema, mas contrair um vírus é outro maior ainda. Contra gravidez não planejada, já resolvemos o problema. Contra o risco de contrair DSTs ou HIV, ainda não.

Não podemos baixar a guarda, muito menos deixar-nos levar pelas aparências ou pelo tesão. Afinal, uma transa boa pode durar de meia a quatro horas, já um vírus como a AIDS é pelo resto da vida. O esquema é vestir a capa, bancar o super homem e sair inteiro de toda transa.

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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