Quando eu tinha 20 anos acabei ganhando do meu pai meu primeiro carro, um Ipanema 99. Mais ou menos na mesma época, comecei a ficar com uma garota e me apaixonei por ela.
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O que virou um acontecimento, já que ela acabou se tornando a primeira garota que eu levei para sair de carro. Ainda meio sem jeito com as moças (não que eu tenha melhorado muito) e querendo impressionar, criei o costume de sempre abrir a porta para ela entrar no carro. Sempre.
Bem, acabou não dando certo com a moça, mas uma das últimas frases que ela me disse foi: “Cara, eu achava demais todas as vezes que você abria a porta para mim. Continua fazendo isso com as moças que você gosta.”
Segui a dica e continuei.
O abrir de portas versus o feminismo
O problema é que algumas moças ficam ofendidas quando um cara abre a porta para elas. Descobri isso durante um período em que eu saia com uma feminista. Ela ficava realmente chateada quando eu tentava abrir a porta. Foi um choque de culturas.
Como algo que em um momento da minha vida gerou um elogio que eu levei tão a sério, virou uma ofensa?
A ideia é que um ato de cavalheirismo como este seria um machismo benevolente. Que ao abrir a porta para uma moça eu estaria supondo que ela é frágil, precisa de proteção, tratamento especial e coisas do tipo.
Apesar de concordar com muitas partes da luta feminista, esta é uma das que não me agrada muito. Quando abro a porta, não é por achar que ela é incapaz ou que é uma obrigação minha como homem fazer isso. É a minha forma de demonstrar um carinho especial por aquela mulher.
Uma forma de dizer “Você está entrando no meu carro e eu quero que essa noite – ou volta para casa – seja agradável”. É um gesto de delicadeza que eu coloco nessa coisa bruta e meio sem jeito que eu sou no meu dia-a-dia.
É para ressaltar que, naquele momento que eu estou indo em direção ao carro, não estou pensando em ir para casa logo ver o jogo ou no que vou fazer amanhã. Eu ainda estou prestando atenção nela.
Uma feminista poderia perguntar: “Ah, mas você abriria a porta para um homem?” A resposta seria: “Óbvio que não. Mas eu também não namoraria com ele.”
Não acho justo comparar o meu relacionamento com um amigo homem com o relacionamento com uma namorada mulher. As dinâmicas e intenções são outras, tais quais as demonstrações de carinho e afeto.
Para mim, abrir uma porta não desmerece em nenhum momento aquela mulher. É apenas um simples ato de afeto. Não sejam radicais. O extremismo nunca é legal.
É lógico que eu não tenho o mesmo tratamento da minha namorada do que o que tenho com os meus amigos. Quero poder tratar ela bem, seja no cotidiano, nos grandes atos ou nos pequenos gestos, sem ter que ouvir um discurso de que estou sendo opressor.
Bem, lógico que eu nem sempre abro a porta. Às vezes, na correria para ir de um lugar para o outro, esqueço. Acontece.
Mas, se você já me viu abrindo uma porta para uma moça, saiba que – pelo menos naquele momento – ela era especial para mim.
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