Jessica Jones é o trabalho mais adulto da Marvel até agora

Recheada de temas polêmicos, nova produção da parceria Marvel e Netflix mostra amadurecimento da Casa das Idéias nos cinemas

Jessica Jones é o trabalho mais adulto da Marvel até agora

Antes de falarmos da série Jessica Jones, disponível na Netflix, gostaria de ressaltar um fato curioso. Este é um produto da Disney/Marvel. A mesma Disney que ficou famosa por seus contos de fadas e princesas e a Marvel que faz aqueles filmes água com açúcar dos “Vingadores” e “Guardiões da Galáxia”.

Segue uma lista com alguns dos temas retratados no seriado: Abuso sexual, relacionamento abusivos – tanto de homens com mulheres, como de mulheres com homens. casamento gay, divórcio, aborto, racismo, relacionamento interracial, entre outros.

Essa pegada “polêmica” parece fazer parte da nova visão de mundo da Disney que, de um estúdio conservador, tem se mostrado contestador nas suas novas apostas. Não é a toa que o novo Star Wars já fez barulho justamente por ter como protagonista uma mulher e um negro.

Mas, o grande mérito da série não é só trazer temas polêmicos para uma produção de super heróis, mas sim a forma sutil como ela faz isso sem parecer em nenhum momento que estamos vendo algum tipo de militância.

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Jessica Jones conta a história de uma detetive particular com super poderes que investiga casos enquanto tenta esquecer o tempo que ficou sob controle de Kilgrave, um homem com a habilidade de controlar pessoas com sua fala.

Mesmo tendo poderes fantásticos e se passando na Nova York que quase foi destruída no filme “Os Vingadores”, a produção se mantém com os pés no chão e se não fosse uma ou outra menção aos heróis, mal daria para saber que este é o mesmo universo de Tony Stark e sua turma. E isso é fantástico.

Desde Demolidor, outra produção Marvel/Netflix, já deu para perceber que o caminho dos heróis no streaming seria mais sério e voltado para adultos.

Uma ótima saída já que a fórmula de filmes de origem recheado de piadinhas já começa a mostrar desgaste nas telonas. Aqui, vemos mais experimentações e riscos sendo tomados, algo inviável para uma produção que custa milhões de dólares,

Heróis de aluguel

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Esse caminho ousado não seria possível se não fosse a escolha da personagem, desconhecida do grande público e que não usa um uniforme. Por não ser do rank A da editora, diretores e roteiristas podem trabalhar mais a vontade sem o medo da “fúria” dos fãs de um Homem de Ferro, por exemplo.

Além do roteiro e abordagem adulta, outro grande destaque foi a escolha de elenco. A atriz Krysten Ritter consegue entregar o que seu papel precisa na medida. Simpatia, sofrimento, raiva… Jessica é uma personagem complexa e de camadas que a todo momento está indo de um extremo ao outro.

Já David Tennant entrega um excelente vilão.  Kilgrave intimida, mas cativa. A extensão de seus poderes e a influência que exerce sobre suas vítimas é assustadora. Mas o carisma do ator, faz com que torçamos para que ele ganhe mais tempo de tela.

Fora isso, Jessica Jones conta com um bom elenco de apoio, com destaque para Mike Colter, o Luke Cage, que ganhará uma série própria ano que vem,

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Talvez o ponto franco da série seja a falta de algumas boas cenas de ação ou investimento em efeitos especiais, algo que funcionou bem em “Demolidor”.

Porém, como a produção investe mais em uma trama psicológica do que de conflitos físicos, dá para deixar passar batido.

No fim da contas, Jessica Jones é mais uma prova de como a Marvel, quando quer, consegue ir além das piadinhas e tramas adolescentes que vemos nos cinemas, e entrega conteúdo adulto e de qualidade. Excelsior.

 

Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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