Tudo bem você não saber o que fazer da sua vida

Quando eu tinha 17 anos tinha certeza absoluta do que queria fazer na minha vida.

Se você me perguntasse o que eu queria fazer, responderia com toda certeza do mundo, sem duvidar por um minuto daquela resposta. Hoje, 10 anos depois, a situação não poderia ser mais diferente.

Quantas vezes você não parou para se questionar “Não faço a menor ideia do que estou fazendo com a minha vida” e se sentiu mal com isso? Principalmente, depois de uns dois ou três anos formado na faculdade e sem a menor perspectiva de ser o próximo caso de sucesso na capa da Forbes.

Acontece cara. Nem todo mundo é uma estrela de cinema ou alcança o sucesso antes dos 40. Duvida?

Existe sucesso depois dos 30?

Harrison Ford tinha 33 anos quando interpretou Han Solo, em “Star Wars”, seu primeiro personagem de sucesso. Trinta e três anos para conseguir ser protagonista.

Sylvester Stallone só conseguiu emplacar o projeto de Rocky 1 aos 30 anos de idade, depois de ter trabalhado como segurança e ator pornô. O cara chegou até a vender o próprio cachorro para poder se sustentar.

No mundo das artes, Leonardo Da Vinci vendeu sua primeira obra só depois dos 30. Artistas como Vincent Van Gogh, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach, só começaram a fazer sucesso depois de mortos. Na internet, os caras do Jovem Nerd demoraram mais de 5 anos para conseguirem viver as custas do próprio projeto e quase 10 para se tornarem um dos maiores cases de sucesso da internet brasileira.

Vivemos uma geração onde nossos astros e referências estão cada vez mais novos. Todo mundo quer ser o novo Felipe Neto, Justin Bieber, Bruna Vieira, Mark Zuckerberg, Steve Jobs e outros, que alcançaram a fama e fortuna logo cedo.

Ninguém sonha em trabalhar por anos para alcançar o sucesso. Vide que mais gente tenta a sorte na acumulada do fim de ano do que em um vestibular. Existe uma pressa de chegar ao sucesso logo, mas ninguém vê que eles são a exceção.

A maioria das pessoas conquista e alcança seus sonhos ao longo de muito trabalho duro, suor e lágrimas.

O que a gente quer da vida?

Isso sem contar a pressão para que a gente decida o que quer fazer da vida logo. Você mal completou 18 anos e saiu do colégio e tem que escolher uma carreira que vai seguir por resto da vida.

Nos jantares de família, tem sempre um parente que pergunta quando você vai largar a sacanagem e encontrar uma mulher pra você. Quando você está namorando todos cobram a data do casamento.

Vocês mal desceram do altar, já te alguém perguntando quando vem o primeiro filho. Somos empurrados como bonecos de pano de uma escolha para outra.

E muitas das vezes a pressa é nossa mesma. Não queremos ser deixados para trás. “Todos meus amigos estão na faculdade e eu não? Preciso passar logo nesse vestibular”. Pulamos de escolhas em escolhas para apenas seguir a corrente deixando de fora o que mais importa: O que a gente quer da vida.

Tenho pelo menos 5 amigos que terminaram a primeira faculdade e logo foram fazer outra, já que a primeira não era exatamente o que eles queriam.

Isso sem contar as pessoas que se formaram comigo que foram trabalhar em áreas que pouco tem a ver com a de sua graduação.

Assumir que você não sabe exatamente que rumo está tomando é entender que você está perdido. Melhor dar esse passo para trás para seguir em frente do que viver uma vida inteira no automático e se arrepender no leito de morte.

Uma história pessoal

Vou te contar uma história pessoal. Em 2013,  depois de quase quatro anos trabalhando em um dos maiores grupos de comunicação do país fui promovido para editor de um site grande. O salário era bom e toda minha família achava o cargo bonito. Eu odiava aquele emprego.

Ia trabalhar infeliz, passava oito horas por dia fazendo coisas as quais eu não acreditava, tendo que responder a superiores que já não agregavam mais nada a minha vida profissional.

Essa infelicidade passou para todas outras camadas da minha vida: pessoal , familiar, amorosa… Como um câncer. Depois de quase um ano de sofrimento, percebi que não era aquilo que me faria feliz e simplesmente larguei tudo.

Eu precisei chegar ao fundo do poço para entender que aquela jornada não era a que eu queria seguir pelo resto da minha vida.

Hoje, trabalhando por conta própria, a dificuldade é conseguir manter um trabalho com sucesso suficiente para que eu possa ter uma renda fixa por mês e que eu viva confortavelmente. Se o site não der certo, o que eu vou fazer amanhã? Não tenho a menor ideia!

Um passo para trás

Envelhecer me deu a segurança de tentar me estabilizar no que eu vivo agora e parar de projetar minhas ansiedades para o futuro. Sonhar que serei um empresário bem sucedido, não significa que eu vá me tornar, a não ser que eu comece a trabalhar agora.

Por isso, traço metas de longo prazo mais curtas, menos ambiciosas mas mais fáceis de acertar. A única certeza que eu tenho é o que eu tenho agora.

O fundamental não é só focar no que minha família espera de mim, mas em o que eu quero para mim. Encontrar uma carreira que me permita ser eu mesmo e que respeite os valores que eu acredito.

Nenhum dinheiro no mundo consegue pagar a alegria de quando você está feliz com algo que está fazendo. Alguns, vão achar aquilo que você ama uma besteira ou uma perda de tempo. Paciência.

Por isso, se você não faz ideia do que está fazendo com a sua vida agora, tudo bem. Aproveite cada passo para trás que você dá para tomar impulso para ir pra frente. Ninguém tem plena noção do que vai fazer pelo resto da vida.

Paciência. Uma hora ou outra você descobre o que fazer da sua vida. Ou não. O que importa é que você seja feliz.

Texto inspirado em:It’s Okay Not To Know What To Do With Your Life (At Least, For Now)