Homem pode chorar?

Será que é privado ao homem poder expressar seus sentimentos em lágrimas?

Será que é privado ao homem poder expressar seus sentimentos em lágrimas?

Os mais infelizes são os que menos ousam chorar. – Jean Racine

Existe uma cena no filme “A Procura da Felicidade” que divide os homens em dois grupos. Depois de duas horas de mazelas, sofrimentos, ir até o extremo em que um homem pode ir, vemos o personagem de Will Smith conseguir o emprego que tanto sonhou e lança a incrível fala: “Esta parte da minha vida, esta pequena parte, se chama felicidade.”

Um turbilhão de emoções surge em seu peito e tenta explodir pelos seus olhos. Você lembra do seu pai, todos os sacrifícios que o velho fez para cuidar de você ou até mesmo da sua própria vida, do quanto trabalha duro para alcançar pequenos sucessos ou para poder criar seu filho bem. E aí, vem a divisão.

Existe o cara que, naquele momento de catarse, se permite escorrer lágrimas pelo cantos dos olhos, quase como uma forma de agradecimento a aquela obra por conseguir tocar em um sentimento tão profundo e enraizado dentro de sua alma. E tem aqueles que lutam contra as próprias lágrimas e sentimentos com medo de se diminuirem.

► Pare tudo e concentre-se apenas nesta cena:

“Peixe Grande”, “Rocky Balboa”, “A vida é bela”… Os filmes são muitos. Mas tem os momentos também. Ver o seu time ser campeão depois de uma campanha sofrida, conseguir a tão desejada casa própria, ou, infelizmente, ter que se despedir de um parente ou amigo querido que morreu.

Como negar lágrimas a um homem em situações tão extremas?

Inspirado pela campanha #umbrindeavidareal da Smirnoff, que defende que a vida é melhor quando as pessoas se livram de convenções, resolvi listar alguns motivos pelos quais é um grande problema insistirmos na ideia de que homem não chora. Se liga:

Quando foi que nos proibiram o choro?

Quando foi que nos proibiram o choro

Começa desde que você é pequeno. Você está andando de bobeira no quarto, pisa em uma peça de Lego sem querer e logo começa a chorar. Até que surge um adulto, normalmente seu pai, e profere aquelas palavras que vão te seguir para sempre. “Engole o choro moleque. Homem não chora”.

Desde os ensinamentos quando você era um pequeno garoto juvenil até hoje, mais velho e ouvindo uma música do Pablo, a lógica é sempre a mesma: Você não deve chorar. Ao contrário de sua irmã, que pode tranquilamente expor seus sentimentos sem ser julgada.

A sociedade cobra do homem uma rigidez absoluta, como um farol em mar revolto. Ele deve ser forte física e emocionalmente. O tempo todo. Ao abraçar esse esteriótipo, você tira de um homem o maior direito de um ser humano: O de poder sentir.

Quem chora é fraco?

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Quando uma mulher chora, vemos nela um sinal de delicadeza e sensibilidade, quase como uma flor que se dobra ao leve tocar do vento. Já um homem chorando é uma rachadura em uma viga de concreto.

O lugar comum impõe que o choro masculino é um sinal de fraqueza e que um cara precisa ser agressivo o tempo todo para poder impor o seu lugar na sociedade. Quando mais bruto, mas homem ele pensa que é. Mas o problema não é só negar o ato de chorar em si.

Vivemos em uma cultura que restringe todo e qualquer sentimento do sexo masculino a ponto que pais falarem para seus filhos que “homem não abraça homem” ou que “homem não pode ser amigo de mulher”, entre muitas e muitas outras regras do que um cara pode ou não fazer com a sua vida.

Cria-se assim uma cultura de pessoas desequilibradas emocionalmente, que, após tantos anos engolindo o choro tornam-se pessoas amarguradas e reprimidas. Não é a toa o crescente número de casos de depressão ou de casamentos que acabam pelas simples falta de diálogo.

Falta ao homem se permitir sentir mais e entender o que passa dentro de si mesmo.

Por que chorar?

Não se engane. Esse texto não é uma desculpa para você poder passar o resto da sua vida chorando por qualquer besteira. Nem homens, nem mulheres deveriam fazer isso.

Muitos dos nossos problemas seriam resolvidos se a gente reclamasse menos e agisse mais. Porém, por vezes, o choro é um momento necessário para um feedback interno.

Encare as lágrimas como uma forma de expressão do seu subconsciente. Em uma obra como um filme ou livro que mexa com você, pense que aquilo mostrou como um tema que é importante e você deve valorizar mais – caso já não valorize.

Por que chorar

Já em um momento de crise, o choro é o primeiro estágio para se superar uma dificuldade. É a hora para admitir que você foi atingido e que deve começar a reagir. Quase como o respiro que damos antes de um mergulho.

Para os machões, pode parecer besteira, mas se permitir passar por este momento de luto faz parte de uma recuperação emocional sadia.

Precisamos aprender a encarar o homem menos como uma rocha sólida e firme. Este, depois de muitas porradas se quebra.

Temos que seguir as palavras do mestre Bruce Lee e ser mais como a água: Amorfa, adaptável, que não se prende a forma e modelos e pode se permitir fluir e colidir.

E que suas lágrimas te tragam reflexão e sabedoria.

 

 

Smirnoff

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