“Homem não vai no dermatologista” e outras coisas que matam os homens

Segundo dados do IBGE, até os 79 anos, os homens morrem muito mais do que as mulheres em todas as faixas etária.

Recentemente, começamos a conversar com nossos leitores por meio de newsletter.  Foi num desses disparos de e-mail, que um rapaz me contou um problema de pele e perguntou se eu sabia como resolver. Eu não sabia.

Como comunicador – e formado em jornalismo – invés de cagar uma regra, fiz o que acho que é a coisa decente a ser feita: Recomendei que ele consultasse um especialista para tratar o problema.

A resposta veio bem rápido: “Ah, homem não vai no dermatologista.” São por esse – e outros motivos que vou apresentar no texto – que muitos homens morrem antes de mulheres.

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Segundo dados do IBGE, até os 79 anos, os homens morrem muito mais do que as mulheres em todas as faixas etárias. Entre os idosos, os dados mostram que sobram uma média de 62 homens para cada 100 mulheres. Mesmo que nasçam muito mais homens do que mulheres no Brasil.

A primeira causa de morte masculina dos 5 até os 44 anos são causas externas, como as agressões e os acidentes de transporte. Nas idades seguintes, as doenças cardiocirculatórias ficam em primeiro lugar, seguidas pelo câncer. Todos esses dados podem ser explicados facilmente.

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No caso dos mais velhos: Homens são mais vulneráveis a problemas cardíacos e outros tipos de doenças graves, mesmo assim, recusam-se a visitar um médico – como o nosso amigo que não vai no dermatologista. No caso dos jovens é pior ainda.

Socialmente falando, mesmo hoje em dia, os homens tendem a ter condutas agressivas – seja no âmbito pessoal, como atrás do volante. E, para ajudar, nós consumimos muito mais álcool e cigarros do que elas.

A cultura do “homem que é homem”

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Mesmo no século XXI, com uma porrada de avanços na ciência, a cultura do “homem que é homem” continua mandando a gente para o saco. Quantas vezes você já não ouviu:

  • Não to bêbado não, posso dirigir de boa para minha casa.
  • Mexeu comigo eu parto para a porrada.
  • Eu gosto mesmo de pegar o meu carro e correr.
  • Não preciso ir para médico não. Vou tomar uma aspirina e já já melhora.

Agora, vamos pensar em criação. Desde pequenas, mulheres são ensinadas a tomar conta de seus corpos e de visitarem médicos frequentemente. A partir da primeira menstruação, uma moça acostuma-se a visitar um doutor para tratar da saúde de seu coro.

Já um menino, aprende que “homem que é homem não chora”. Que qualquer dor ou machucado é frescura. “Engole o choro que passa”. E assim, levamos para cada vida que qualquer enfermidade vai sumir se a gente fizer pose de durão e negar ajuda dos outros.

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O pior dos casos é quando falamos do câncer de próstata e o temível exame de toque que dura cerca de 15 segundos. Por medo de um exame que dura um quarto de minuto, muitos caras morrem.

Segundo dados de 2014 do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata representa 70% dos diagnósticos de câncer em homens brasileiros. Os últimos dados que eu achei, apontam que um entre cada sete caras se recusa a fazer o exame. Isso não é pouco, não.

Segundo o Centro de Referência da Saúde do Homem, 60% dos pacientes do sexo masculino só procuram tratamento quando o câncer de próstata está em estágio avançado – ou seja, poderia ter sido evitado.

Para completar, 75% dos homens só vão ao tratamento por insistência da mulher, do filho ou outro familiar.

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É impossível se orgulhar desses números. De nenhum deles. Precisamos de uma intervenção urgente na saúde e modo de vida do homem moderno. Tem um monte de caras morrendo a toa só para manter a fama de machão. Mas, e quem fica para trás?

Em busca de manter essa pose idiota, esquecemos de todos nosso amigos, familiares e entes queridos. Quantas pessoas que gostam ou dependem da gente deixamos para trás por causa de um orgulho barato e um cultura que no fim das contas, só serve para nos matar mais cedo.

Não é porque você é homem que você tem que agir como um gorila ou um imbecil. Você não é o Superman. Não tem peito de aço e nem é a prova de morte.

Se você dirigir bêbado ou muito acima dos limites de velocidade pode bater seu carro e se acidentar gravemente. Sentiu uma palpitação ou dor fora do comum, visite o médico. Chegou aos 45 anos? Hora de ir no proctologista. E, se tiver algum problema de pele, pelo amor de Deus, vá ao dermatologista.

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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