A cerveja estupidamente gelada que você toma não é uma pilsen

Você cresceu e já descobriu que Papai Noel e coelhinho da Páscoa não existem e que bebês não são trazidos por cegonha. Desculpe acabar com seu mundo mais uma vez, mas acho que está na hora de você saber de uma outra verdade que há muito escondem: a cerveja estupidamente gelada que toma não é […]

Saiba a verdade sobre a cerveja que acompanhou sua vida inteira

Você cresceu e já descobriu que Papai Noel e coelhinho da Páscoa não existem e que bebês não são trazidos por cegonha. Desculpe acabar com seu mundo mais uma vez, mas acho que está na hora de você saber de uma outra verdade que há muito escondem: a cerveja estupidamente gelada que toma não é uma pilsen.

Sim, o estilo de cerveja loira, leve e com quase nada de amargor, ideal para ser tomada em fartas quantidades e quase a 0 grau não é aquilo que você está pensando. Apesar de auto intitular-se pilsen, a cerveja mais consumido no mundo, comumente encontrado em prateleiras de supermecados, postos, padarias e afins é uma standard american lager.

Mas qual a diferença entre uma cerveja pilsen e uma standard american lager?

O nome do estilo é relacionado à cidade onde foi criado: Pilsen na região da Bohemia, atual República Tcheca. Ela tem entre 25 até 45 IBU (unidades de amargor), levam uma coloração ouro e oferece aromas de malte e lúpulo.

É produzida segundo a Lei de Pureza Alemã, usando somente quatro elementos básicos (malte, lúpulo, levedura e água). O exemplo clássico é a primeira pilsen produzida: Pilsener Urquell.

A cerveja estupidamente gelada que toma não é uma pilsen 2

As cervejas standard american lager surgiram nos EUA após a segunda Guerra Mundial, são cervejas com o máximo de 15 IBU, e que além de utilizar os quatro elementos básicos (malte, lúpulo, levedura e água), recebem a adição de cereais não maltados como milho e arroz para baratear o custo de produção e deixar.

As standard lager ganharam fama por serem cervejas produzidas em massa, oferecendo aroma e paladar mais neutro e menos amargo, para agradar o máximo de pessoas possíveis. Com uma produção em larga escala e utilizando matérias primas mais baratas, o preço torna-se muito mais acessível do que o rótulo artesanal.

No Brasil, os rótulos ganharam esta nomenclatura de pilsen por uma estratégia de marketing e devido a uma brecha na legislação brasileira, que não tem critérios definidos para classificação dos estilos de cerveja, apenas separando por clara ou escura ou pelo preço (mainstream, premium ou super premium).

Então elas são ruins?
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Não, necessariamente. Primeiro, as grandes cervejarias contratam os melhores profissionais da área para controlar a qualidade na produção e eliminar os riscos. Segundo, os produtos são criados através de pesquisa de mercado para agradar em maior escala o público consumidor.

Por último e não menos importante, foi graças as standard lagers que muitos conheceram e começaram a gostar do fermentado de malte e lúpulo. Como a primeira namorada, foram elas as responsáveis pela sua iniciação na área. E também foram elas que te instigaram a curiosidade para degustar outros rótulos e estilos artesanais.

O que você precisa saber é que essa cerveja mainstream que você toma é apenas um estilo dentre os mais de 120 existentes no planeta, louras, ruivas e escuras, mais ou menos alcoólicas, leves ou fortes, cada um com suas qualidades e características que diferem surpreendentemente entre si.

Fazendo o paralelo entre cerveja e gastronomia, imagine um prato que você realmente goste bastante (no meu caso pizza). Agora pense em você todas as vezes que for comer fora ir a um lugar só para comer este prato. Não vai ter uma hora que vai enjoar ou querer experimentar outras coisas? Com a cerveja funciona da mesma maneira.

Com tudo isso por aí, você não acha que passou da hora de você variar seu cardápio cervejeiro e experimentar todo esse universo que tem deixado de fora?

 

Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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