Aprenda a ler (e escolher) um rótulo de cerveja

Saiba como reconhecer uma breja pelas informações no rótulo

Saiba como reconhecer uma breja pelas informações no rótulo

Você se deparou com uma prateleira cheia de rótulos, dos países e estilos mais diversos. Sem ajuda de um especialista no assunto, pega uma garrafa, tenta traduzir as informações, pensa… hesita e acaba recorrendo aquele já conhecido rótulo comercial.

Para te dar uma mãozinha neste assunto, pegamos algumas dicas com nosso mestre cervejeiro Jaime Pereira Filho, dono do Pier 1327, e tentaremos apresentar as informações básicas na garrafa para você aprender a ler (e escolher) um rótulo de cerveja. Confira com a gente!


Ingredientes da cerveja

Por definição, cerveja é: “A bebida obtida pela fermentação alcoólica do mostro cervejeiro oriundo do malte de cerveja e água potável, por ação de levedura, com adição de lúpulo”.

Sendo assim, os quatro ingredientes básicos são: água, malte, lúpulo e levedura, sempre descritos pela proporção de quantidade usada na receita (onde a água vem em maior volume e a levedura em menor quantidade).

Quando se refere a cervejas comerciais, os cereais não maltados estarão descritos na composição da cerveja (permitido até 45% sobre o extrato primitivo). Cervejas de trigo levam malte de trigo em sua composição e a proporção pode ser maior.

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Vale lembrar que as cervejas comerciais não são as únicas a utilizar este cereais não maltados. Chamados também de adjuntos cervejeiros, eles podem contribuir positivamente para a receita da cerveja, dando personalidade à bebida. Frutas, vegetais, condimentos, xaropes, castanhas, café, mel e chocolate são alguns exemplos.

Eles podem suavizar, potencializar e agregar novos sabores e aromas à bebida. Rótulos belgas e outras cervejas especiais também podem usar os compostos para dar corpo e identidade para a bebida.

Se uma cerveja denomina-se Puro Malte em seu rótulo, ela precisa, necessariamente, ser feita 100% de malte de cevada. Caso um rótulo descreva-se como “Cerveja de…” seguido pelo nome do vegetal predominante, significa que tem entre 20% e 55% de malte de cevada e o resto é do composto (exemplo Kaiser Radler, feita com adição de suco de limão).

Em cervejas comerciais, outros itens também são apresentados, como forma de conservar a bebida por maior tempo, reduzir custos de produção ou atingir o teor alcoólico desejado. Conheça alguns deles:

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Antioxidante: eles procuram manter os alimentos em boas condições de consumo por mais tempo, impedindo ou retardando sua deterioração, evitando a formação de “ranço” por algum processo de oxidação.

Estabilizantes: são utilizados para manter a aparência dos produtos. No caso da cerveja, é responsável por oferecer uma espuma maior e mais concentrada na bebida.

Graduação Alcoólica

Apesar do teor alcoólico não representar como será a cerveja, as que têm mais álcool tendem a ter um sabor e aroma mais complexo (mais dulçor e amargor mais pronunciado), para equilibrar com a quantidade de álcool. Isto deixa a bebida muito mais agradável de se beber.

Estilo

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Talvez a grande polêmica no Brasil está na denominação do estilo de cerveja por aqui. A grande massa das cervejas comerciais intitulam-se Cerveja Pilsen, embora o estilo verdadeiros desses rótulos é o Standart American Lager. A nomenclatura errada é utilizada mais por uma questão de marketing e costume, aliada a falta legislação brasileira que não exige das marcas a correta informação.

Assim, quanto mais álcool tem uma cerveja, o rótulo tendem a ter um sabor mais complexo.

Teor alcoólico (ABV)

Por incrível que pareça, o fato de uma cerveja denominar-se sem álcool não significa que ela não tenha o composto em sua receita, e sim que a concentração é menor ou igual a 0,5% por volume, não sendo obrigatória a declaração da graduação no rótulo. Acima do valor, é obrigatória a descrição na garrafa ou lata.´

Cerveja Clara ou Escura

Uma das classificações do fermentado também é sua cor. Para ser considerada clara, ela precisa ter menos de 20 unidades de EBC (European Brewery Convention – Convenção Europeia Cervejeira). Acima de 20 unidades, ela é considerada escura.

Algumas outras informações não são obrigatórias, mas constam em cervejas especiais e ajudam, é muito, o consumidor.

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Unidade de Amargor (IBU)

Não é apenas com o percentual de álccol (ABV) que se mede a força de uma cerveja. Uma outra bem utilizada é o índice de amargor. A IBU é uma escala inglesa que significa International Biterness Unit. Quanto maior a IBU, mais a cerveja é amarga (ou lupulada, pois o vegetal é o principal responsável pelo amargor da bebida).

A IBU de uma cerveja é resultado de um cálculo específico feito no momento da sua fabricação. Embora muitas não informem, já existem alguns rótulos especiais que se preocupam em descrever o item para seus consumidores.

Para efeito de comparação, uma cerveja American Lager (pilsen) tem entre 4 e 10 IBUs. Já uma IPA Americana pode chegar a 70 IBUs. Acima de 100 unidades, fica muito difícil do nosso paladar identificar a intensidade de amargor.

Análise Sensorial

No descritivo de rótulos especiais, muitas cervejarias apontam o que você pode encontrar naquela cerveja, desde o aroma, passando pelo paladar e até o aftertaste. Isso pode ajudar, e muito, sua decisão na escolha da bebida.

Dicas de Harmonização

Por último, é comum também alguns rótulos apresentarem  dicas de harmonização, ou seja, pratos e petiscos que combinam com a bebida. Acho fantástica a iniciativa, pois além de facilitar as coisas, é uma boa forma de educar o consumidor.

Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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