Como viajar gastando pouco em tempos de crise

Nós reunimos um time de especialistas que vivem para viajar e eles vão te mostrar como você pode, sim, viajar gastando pouco em tempos de crise.

Com certeza você acha que precisa desembolsar um bom dinheiro para conseguir aproveitar uma viagem! Nessa lógica, então, em tempos de crise pensar em sair da sua cidade para conhecer algum lugar novo seria loucura. Certo? Errado!

Nós reunimos um time de especialistas que vivem para viajar e eles vão te mostrar como você pode, sim, viajar gastando pouco em tempos de crise.

Existe época certa para viajar?

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Lívia Aguiar, do site Eu Sou Atoa, garante que não existem muitas regras sobre as melhores épocas do ano para comprar passagens áreas.

Como justificativa, ela explica que você precisa avaliar o seu objetivo com a viagem. Afinal, vale a pena pagar mais barato em uma passagem se você não vai aproveitar completamente o destino em determinada época do ano?

Por exemplo: se você quer curtir a praia em algum país da Ásia, pode optar pelas passagens mais baratas fora de temporada, mas normalmente o preço é baixo por causa de tempestades e efeitos climáticos no litoral, então, de que adianta economizar se você não vai aproveitar?

Em contraponto, Marcio Nel Cimatti, do site A Janela Laranja, diz que tudo isso é relativo: “A melhor época depende do perfil do viajante. Há pessoas que adoram a Europa no inverno, por exemplo, e outras que não suportam o frio e preferem o verão no continente”.

Porém, assim como Lívia, ele também aponta a importância de entender o objetivo da viagem e ponderar se vale a pena conhecer determinado lugar em baixa temporada: “Um exemplo é a região dos Lençóis Maranhenses. Para garantir o melhor cenário, a melhor época é de maio a agosto, quando as chuvas já passaram e encheram as lagoas”.

Conheça sites especializados em descontos e tarifas baixas

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Hoje em dia, é muito mais fácil economizar na hora de comprar uma passagem aérea. Pela internet, há ainda a possibilidade de comprar milhas diretamente da conta de quem as acumulou mas não utilizou.

Como milhas costumam ter prazo de validade e vencem com relativa rapidez, comprar e vender milhas é uma estratégia interessante e econômica para ambos os lados.

Se você consegue programar suas férias com antecedência e não precisa se preocupar tanto com a época do ano em que vai viajar, pode monitorar o preço das passagens através de sites como o Melhores Destinos e o Kaiak, os favoritos do Marcio Nel Cimatti.

O Fabrício Moura, do site Vou na Janela, sempre visita o Skyscanner quando quer encontrar descontos, mas alerta: “Antes de comprar eu sempre consulto a mesma data no site da companhia aérea que apresentar o melhor preço nesses buscadores. A maioria deles cobra uma tarifa de serviço e, às vezes, a mesma passagem está mais barata no site da companhia aérea. Alguns buscadores cobram mais de R$200 pelo serviço, é uma bela diferença quando buscamos economia”.

E os pacotes de viagem. Eles valem a pena?

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Comprar a passagem e a hospedagem separadamente parece dar muito trabalho, não é? Mas acredite: esta é uma das soluções mais econômicas para conseguir viajar gastando pouco em tempos de crise.

Recentemente, aliás, uma nova tributação sobre pacotes turísticos oferecidos por agências de viagem foi divulgada e certamente ela vai impactar diretamente os preços de viagens fechadas.

Mas o problema não é apenas no custo relativamente maior dos pacotes oferecidos pelas agências, afinal, muitas empresas conseguem descontos exclusivos. Para Lívia Aguiar, pacotes fechados proporcionam algumas armadilhas onde muitos clientes acabam caindo por causa do tempo curto.

Como muitos pacotes englobam a visita em várias cidades em um curto período de tempo, os viajantes precisam aproveitar o máximo em menos dias, então, acabam pegando um táxi para conhecer mais lugares enquanto poderiam pegar um ônibus e realmente viver a cidade, por exemplo.

Pesquisar um restaurante mais barato ou cozinhar em um apartamento alugado ou hostel também é uma estratégia fora de cogitação quando o tempo é curto e você está hospedado em um hotel.

Marcela Lahaud, do Canal Embarque Imediato, entretanto, apresenta algumas vantagens que devem ser levadas em consideração na hora de optar pelo pacote fechado ou comprar a passagem e a hospedagem em sites diferentes: “Algumas vezes, as agências de viagem têm parceria com os hotéis e bloqueios aéreos, isso pode deixar a viagem mais em conta do que se você fechar tudo por conta própria”.

Além dos descontos, a comodidade e segurança podem ser mais significativos: “Quando você compra com uma agência de viagem você também está pagando pelo serviço. Qualquer coisa que aconteça de errado ou qualquer dúvida que apareça, você tem alguém para recorrer. Quando você compra tudo por conta própria, não. Então, depende muito do orçamento que você tem para gastar durante a viagem e como você lida com esses tipos de problemas e imprevistos”.

Quero economizar na hospedagem. O que fazer?

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A economia vai variar de acordo com o viajante. Para Lívia Aguiar, por exemplo, é muito mais vantajoso optar por um hostel ou couchsurfing, afinal, além de economizar, você ainda tem a chance de conhecer pessoas de outros lugares do mundo e realmente conviver com a cultura local. Se você for mais reservado, pode optar por um quarto individual – muitos hostels oferecem essa opção.

O couchsurfing exige maior sociabilidade, mas, para Marcela Lahaud, vale a pena: “Você só precisar estar aberto a conhecer a pessoa e socializar com ela. Mas, venhamos e convenhamos, também é um ótimo meio de conhecer o lugar que você está com um local. Já fiquei neste tipo de hospedagem na França e amei!”.

Marcio Nel Cimatti indica como alternativa se hospedar em um Bed & Breakfast: “é uma ótima opção quando quer mais privacidade do que um quarto cheio do hostel, pagando menos que um hotel”.

Se você tem mais tempo para conhecer determinado lugar e gostaria de viver uma experiência completamente diferente, Fabrício Moura tem uma dica bastante econômica: “para quem pretende ter uma experiência mais local, pode se inscrever no Worldpackers e trocar hospedagem e alimentação por algumas horas de trabalho em hostels em todos os lugares do mundo. Alguns até pagam um adicional”.

Apesar de ser uma alternativa ousada, é bastante interessante para realmente viver a cultura local.

Sites de aluguel como o Airbnb cresceram bastante nos últimos anos e são opções confiáveis e práticas para você ter mais liberdade na viagem. Marcela Lahaud, porém, não indica esse tipo de hospedagem se você viajar em poucas pessoas: “Alugar apartamento é uma boa quando você viaja com um número considerável de amigos e querem todos ficar hospedados no mesmo lugar, no fim, acaba saindo mais barato”.

Quanto tempo devo reservar para realmente aproveitar a viagem?

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A duração necessária para aproveitar uma viagem vai variar de acordo com o destino que você deseja conhecer. Lívia Aguiar garante que você pode viajar, sim, em um feriado ou em um final de semana, desde que seja para um destino próximo.

Se você optar por conhecer uma cidade na Europa, por exemplo, em apenas 4 ou 5 dias, a viagem pode acabar saindo bem mais cara. Afinal, você provavelmente vai pedir 2 dias de viagem e também vai precisar optar por soluções práticas quando estiver lá, como andar de táxi ou pagar mais caro por passeios turísticos.

Lívia, inclusive, deu uma dica para você saber se a sua viagem está sendo econômica ou não: ela costuma dividir o custo total da viagem pelos dias em que ficou na cidade. Quanto menor for o gasto por dia, mais a viagem valeu a pena.

Porém, você pode viajar, sim, em um feriado ou final de semana e mesmo assim economizar. Opte por destinos mais próximos ou até mesmo opções dentro do Brasil. Você não precisa viajar o globo para conhecer uma cultura nova, pode fazer isso dentro do seu país, visitando as Cataratas do Iguaçu ou Maragogi, por exemplo.

Marcela Lahaud, entretanto, ressalta que a experiência positiva ou negativa é relativa: “Conheço gente que viajou para o Japão para passar 4 dias e adorou! Era o único tempo que essa pessoa tinha e não sabia se no futuro teria outra oportunidade. Por isso, tem mais é que embarcar mesmo!”. 

Apesar de opiniões divergentes em certos pontos, todos concordam que o importante é viajar! Se você só vai conseguir ficar quatro dias em determinado lugar, viaje mesmo assim. Não postergue um sonho. Quando você tiver dinheiro e condições, vá!

Para encontrar os destinos mais econômicos do Brasil, visite nossa matéria sobre o assunto.

Qual a melhor moeda para levar?

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Sempre acompanhe a situação econômica do país de destino e também a compare com a situação da economia brasileira.

Para viagens pelas Américas e Ásia, é sempre interessante levar Dólar e, já no destino, trocar ou não pela moeda local. Em alguns lugares da América Central e América do Sul, você pode comprar coisas com o Real e, inclusive, trocá-lo em casas de câmbio alternativas, mas tome cuidado com golpes.

Mas não caia na lenda de que vale a pena levar Dólar para qualquer lugar do mundo! Marcela Lahaud desmente esse mito: “Na Europa, principalmente no leste europeu, por exemplo, é muito melhor levar Euro. Na Rússia e em diversos países da África também! Se você levar Dólar, a probabilidade de ter que converter a moeda para o Euro e, depois, do Euro para a moeda local é bem maior. Nessa situação você acaba perdendo dinheiro”.

Se você for passar bastante tempo no exterior, a dica da Lívia Aguiar é abrir uma conta em algum banco de lá para evitar a cobrança de taxas abusivas.

Fabrício Moura também indica levar dinheiro em espécie: “A gente precisa ter dinheiro em espécie para viajar, já que na imigração os oficiais podem pedir para você comprovar que pode se manter no país enquanto estiver lá. Uma vez em Portugal, contaram todo meu dinheiro e conferiram os cartões de crédito. Então, eu levo uma parte em espécie e faço o cambio no destino de acordo com a necessidade e sempre consigo melhores condições assim”.

Quero fazer um mochilão em tempos de crise. É possível?

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Acredite: você pode acabar economizando se optar pelo mochilão em vez de fechar pacotes turísticos e viajar por pouco tempo.

Marcio Nel Cimatti é adepto da prática e garante que a experiência vai além da economia: “Viajar de mochilão é bem mais do que conhecer outra cidade ou outro país gastando menos. É com a mochila nas costas que é possível ficar mais tempo viajando e realmente conhecendo as pessoas e a cultura dos lugares”.

Para ele, a pouca bagagem não é a única vantagem: “Você tem maior flexibilidade para mudar roteiros e mais abertura para conhecer outras pessoas. Eu já conheci gente que encontrou o amor da vida em um mochilão, outros que arrumaram emprego, outros que decidiram estudar no país onde estavam. São muitos exemplos de coisas incríveis que podem acontecer durante uma viagem de mochila. Acredito que todo mundo deve fazer um mochilão uma vez na vida”.

Marcio não está sozinho. A maioria dos viajantes acredita que esta seja a melhor experiência possível quando o objetivo é conhecer mais lugares e culturas gastando menos.

Marcela Lahaud deu algumas dicas caso você queira embarcar nessa aventura em tempos de crise: “A minha dica mais importante para quem vai fazer mochilão é planejar bem a logística. Como em um mochilão você quer conhecer muitos lugares com pouco tempo e dinheiro, o ideal é você pensar bem onde vai ficar hospedado – é melhor ficar o mais perto dos pontos turísticos que você quer visitar, para não perder tempo indo e voltando dos lugares. Dar preferência para viagens noturnas também é uma boa estratégia. Assim, você economiza com hospedagem e não fica com a ideia de que perdeu um dia. Viajar de ônibus, apesar de não ser uma das opções mais confortáveis do mundo, é barato e útil nessas horas”.

Cuidado com os golpes! O barato pode sair caro

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Lívia Aguiar já levou golpes e acabou perdendo US$200 por confiar em quem não deveria.

Para evitar que isso aconteça com você, ela ressalta a importância de investir em um chip de celular de alguma operadora local para garantir a internet!

Dessa forma, você pode confirmar as informações que recebe sobre descontos em passagens de trem, por exemplo, endereços e custo de ingresso para atrações turísticas.

Fabrício Moura relatou uma experiência totalmente desagradável no Chile, e ela pode servir de exemplo para que você não passe pela mesma situação: “Eu reservei um hotel para 2 noites em Punta Arenas antes de voltar ao Brasil e recebi a confirmação da reserva pelo site que eu usei na ocasião”.

Porém, o barato saiu caro, mas a culpa não foi do site: “Chegando no hotel a reserva não existia e a cidade estava com lotação máxima, o quarto mais barato no único hotel disponível custaria uma pequena fortuna, foi mais barato antecipar a volta ao Brasil em 2 dias. Como eu uso esse site desde 2012, e nunca tive problemas, não me preocupei em confirmar a reserva direto com o hotel. A dica é essa, sempre confirme a reserva com o hotel antes de viajar”.

Marcela Lahaud também alerta: “Os mesmos cuidados que você toma aqui no Brasil, precisa tomar lá fora. Aqui você não fica exibindo o seu iphone como se fosse o seu mais novo prêmio Nobel, então não faça isso no exterior. Evite também andar sozinho em lugares que você não conhece”.

Não se esqueça do básico: “Sempre tenha o telefone e endereço do consulado brasileiro anotado, cópia do passaporte, cartão de crédito reserva, e nunca, repito, nunca saia com todo dinheiro vivo que você tem quando for para a rua. Caso você perca aquele dinheiro, você pelo menos tem alguma quantia quando voltar para a sua hospedagem”.

Juntar uma galera é uma boa ideia?

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Economizar por convidar muitas pessoas para viajar com você também é uma atitude que vale a pena se este for o seu estilo e tipo de viagem. Para Fabrício Moura, por exemplo, não é o caso: “Cada pessoa tem seu estilo de viajar, eu não gosto de viajar em grupos e sempre gostei mais de viajar sozinho. Dessa forma a gente se conhece melhor e superamos nossos limites. Viajando sozinho você é o senhor do seu tempo. Pode acordar mais tarde quando quiser, ou mais cedo conforme for. Pode passar horas apreciando um monumento ou vagando por um museu durante todo dia. Pode simplesmente se dar ao luxo de não fazer nada e ficar o dia todo num parque vendo a vida passar”.

Marcio Nel Cimatti concorda com o Fabrício em alguns aspectos: “A vantagem de viajar com pouca gente é a facilidade de adaptar um roteiro no meio da viagem. Incluir um restaurante e adiar a partida de uma cidade, por exemplo. Mas a grande vantagem de estar em grupo é ter sempre gente disposta a conhecer mais coisas, e também ter maior diversidade de opinião e conhecimento”.

Por fim: a mala importa?

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Sobrepeso na hora de embarcar pode te fazer gastar muito dinheiro além do seu orçamento, mas não é apenas essa a preocupação que você deve ter quando pensa em bagagem.

Marcio Nel Cimatti, por exemplo, tem várias dicas indispensáveis: “É importante saber o que vai encontrar na viagem para ver se a mala está de acordo com as dificuldades encontradas”.

Como assim? Ele explica: “Às vezes, você vai precisar pegar um barco pequeno para chegar em algum lugar, ou até mesmo um trem, e aí a mala grande dificulta”.

Fabrício Moura, inclusive, é radical quando o assunto é bagagem: “Eu viajo só com a mala de bordo e já falei desse assunto diversas vezes no blog. Eu passei 15 dias na Europa só com a malinha e foi a melhor coisa que eu fiz”.

Não é impossível economizar na hora de viajar! Você pode viver o seu sonho sem precisar ir à falência ou embarcar em várias dívidas que vão te prejudicar no futuro.

As dicas desses viajantes podem ser utilizadas em qualquer época e, mesmo quando a economia brasileira se recuperar, você ainda pode aplicá-las para economizar ainda mais e garantir, quem sabe, uma volta ao mundo como Lívia Aguiar fez.

Com planejamento e paciência, o mundo pode, sim, ser seu!

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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