Invasão do Pacaembu na final da Libertadores da América

Foi isso mesmo galera, para você que sabia que eu estava indo para essa aventura de adentrar o Pacaembu sem ingresso e assistir a tão esperada final, e pensou que eu fui o cara que foi pego no banheiro embaixo da arquibancada, se enganou. Abaixo segue os detalhes dessa minha aventura . Como todos sabem, […]

Invasão do Pacaembu na final da Libertadores da América

Foi isso mesmo galera, para você que sabia que eu estava indo para essa aventura de adentrar o Pacaembu sem ingresso e assistir a tão esperada final, e pensou que eu fui o cara que foi pego no banheiro embaixo da arquibancada, se enganou. Abaixo segue os detalhes dessa minha aventura .

Foi o melhor dia da minha vida!

Como todos sabem, sou corintiano roxo. Não poderia ficar de fora de jeito nenhum dessa final – o jogo mais importante da historia do SCCP – e não queria gastar mil reais (ou até mais) em um ingresso. Combinei com meu amigo Rafa, depois de não conseguirmos ingressos, que iríamos entrar no estádio custe o que custasse.

Saí do trabalho às 14hs, comi um lanche e fui para o estádio. Já havia combinado com o Rafa de irmos juntos no dia anterior, liguei a manhã inteira e não atendeu, o imbecil havia esquecido o celular dentro do carro. Decidi ir sozinho mesmo. Às 15h15 desci a grande rampa rumo ao estádio, enquanto pensava em inúmeras formas para curtir a final lá dentro, um jornalista espanhol me perguntou aonde era a área de imprensa do Pacaembu. Respondi que poderia acompanhá-lo até o portão 14, por onde jornalistas e pessoas importantes entram no estádio. Chegando lá, o espanhol começou a conversar com o segurança, não pensei duas vezes, peguei o celular meti no ouvido e andei rápido em direção ao portão. Como o segurança estava de costas para o portão e olhando em outra direção, consegui passar por ele.

Já dentro do estádio procurei achar alguma forma de me manter lá até às 19hs, que era quando os portões iriam abrir para a fiel entrar. Sabia que se ficasse no banheiro químico ou banheiro normal a policia iria averiguar. Todos dentro do estádio teriam, necessariamente, que apresentar credencial ou nome na lista, principalmente nos camarotes, áreas vips e imprensa.

Pois bem, enquanto andava de um lado para o outro procurando alguma solução, encontrei uma senhora com um avental vermelho que parecia estar procurando por alguém. Perguntei para ela se precisava de ajuda, ela disse que estava procurando uma tal de Elza e que tinha falado pra ela que estava no tobogã! O nome dessa santa era Dona Flor.

Visão do Pacaembu à tarde, na chegada do estádio

Avisei para ela que iria procurar a dona Elza no tobogã e falaria para esta que a Flor estava procurando-a. Antes de começar minha procura, perguntei aonde a Flor trabalhava e ela respondeu, no Buffet ali do salão top (este salão era para pessoas muito importantes, tipo chefes da Conmebol e CBF). Não dava para ver o estádio (ver foto), mas era em cima do portão 14 e tinha um telão. Era tipo um salão de festas, mas bem pequeno. Desconfio que fosse para pessoas importantes, com coquetel antes, durante o intervalo, e após o jogo (teve boatos que o Lula estaria lá mas não busquei saber se era verdade).

Nessa mesma hora já achei que tinha encontrado uma solução, pois fingir que trabalhava no Buffet era perfeito: não precisava de credencial e nem pulseira. Então fui procurar a dona Elza, fui até o tobogã e não encontrei ninguém parecido com a descrição da Dona Flor. Voltei para o portão 14 e subi para avisar Dona Flor, achava que lá teria alguma restrição de entrada, porém não havia, estavam todos ali organizando o “salão top”.

Procurei por dona Flor e ela estava na cozinha junto com a dona Elza. Dona Flor falou para Elza apontando para mim: “era esse menino que eu tinha mandado te chamar”. Após isso, fiquei subindo para o Buffet e descendo para a área da imprensa/camarote/vip várias vezes, sempre pensando no que fazer.

Quando deu umas 17h, chegaram seguranças particulares no Buffet, dei a sorte de estar do lado da cozinha nessa hora. Ofereci água, e salgados fingindo ser um dos caras do Buffet. Pronto, já tinha mais ou menos cumprido minha tarefa, porém o medo de me descobrirem ainda persistia. Ai você pensa, mas caramba André, como você aguentou ficar tanto tempo sem comer? A Santa da Dona Flor me dava escondido alguns salgados e pão com presunto e queijo, que acabei também oferecendo aos seguranças que estavam ali por perto do “salão top”.

Quando deu 18h pensei comigo: “Acho que agora vai rolar uma verificação no salão top para ver quem é quem e é melhor descer. Nisso desci e fui para um banheiro químico. Me tranquei lá dentro. Que agonia, que tensão… Valia tudo para ver o Coringão na final. Dali do banheiro conseguia ver policiais andando de um lado pro outro, não sei por que, mas acho que estavam começando a fazer a inspeção de quem estava autorizado a ficar dentro do estádio ou não.

Vista do estádio pelo salão top e a porta do banheiro químico, que fiquei por 20 min

Depois de uns 20min trancado no banheiro junto com um fedor absurdo, meu amigo Carlos me avisou por whatsaap que tinham pegado um cara em um banheiro e tinham liberado ele pra fora do estádio (veja a matéria sobre). Não poderia ficar mais lá, saí e tentei subir novamente para o salão top, mas a segurança aqui já estava mais rigorosa, pois fui subir e um segurança particular que não tinha visto ainda lá perguntou: “você vai aonde?” respondi enganosamente: “sou do Buffet”, e nisso um dos seguranças o qual tinha oferecido água e salgados mais cedo falou: “Ow Donizete ele é do buffet mesmo”.

Era 18h30, faltava meia hora para os portões abrirem e eu poder, enfim, ver o meu Corinthians na final da Libertadores, nervosismo estava a flor da pele aqui!!!

Quando cheguei a cozinha o pessoal de lá já estava com trajes apropriados para o grande evento. Pensei comigo: se ficar aqui vou me ferrar. Foi ai que entrei na cozinha fingindo ser da organização. Perceba caro leitor, que para o pessoal da organização/segurança eu era da do Buffet/cozinha, e pro pessoal do Buffet/cozinha eu era da organização. Como ninguém conhecia ninguém, acabei me dando muito bem nessa história.

Como a Santa Dona Flor me conhecia, logo puxou algum papo básico, o que fez com que o resto da equipe da cozinha não me olhasse com olho torto. Fiquei num espaço onde tinha um lavabo que dava para ver a arquibancada da laranja e o mosaico sendo feito, me escondendo e torcendo para o tempo passar rápido.

Quando finalmente deu 19h, desci e tentei sair da área vip, nisso o segurança que estavam na saída da área vip para a numerada disse: “você não pode sair sem credencial ou pulseira.” E eu disse tentando achar um bom motivo: “eu sou do Buffet”. E ele: “mesmo assim, como vou te identificar quando você for voltar?” Aqui eu pensava, “mas eu não vou voltar porra!” Mas ele poderia falar: “então você não está trabalhando no Buffet porra!”.

Salão Top 1 e Salão Top 2, respectivamente

Subi novamente para o “salão top”, e procurei alguma pulseira na cozinha.Em vão. Quando estava perto da porta da cozinha, uma mulher da organização vira e fala: “Poderiam fechar a porta da cozinha, pois os convidados já estão chegando?”, e eu, fingindo pela milésima vez ser do Buffet, respondi: “Claro”. Quando estava para fechar a porta veio a pergunta de maior tensão de todo o meu dia:

“Você é mesmo do Buffet!?”
Respondi sem respirar: “Sou sim!”.
Ela: “Mas você vai ficar de calça jeans no evento?”.
Eu, procurando uma saída, gaguejava um pouco: ”Não, é que hoje está corrido, mas já vou me trocar”.

Nisso meu coração acelerou, precisava sair o mais rápido possível, pois se ela perguntasse ou reclamasse para alguém porque eu, empregado do Buffet, estava de calça jeans era o fim do meu sonho de ver o Corinthians na final indo por água a baixo. Desci, novamente desesperado, e tive uma idéia: Cheguei no segurança:

Ele: “Pegou a pulseira?”
Eu: “Não, mas vou pegar ali no outro Buffet”
Ele: ”Não vai entrar depois se tiver com pulseira/credencial”
Eu: “Vou pegar lá…”.

Ele ficou meio confuso, mas foi tentar resolver outro problema que tinha aparecido, um cara tentando entrar o setor vip com uma pulseira diferente. E, para minha felicidade completa, entrei no meio da numerada, comemorando e gritando aliviadamente VAI CURINTIA!!! E depois, foi só encontrar meu amigo Thomas. Como eram 19h e todo mundo ainda estava entrando, pegamos um lugar no meio da numerada E A PARTIR DAI FOI SÓ NERVOSISMO NO PRIMEIRO TEMPO E DEPOIS ALEGRIA GERAL!!! O jogo foi sensacional, foi o melhor dia da minha vida com certeza. Ver um sonho ser realizado e ainda estar presente no estádio, na faixa, o que dá um gostinho mais especial ainda.

Queria agradecer a todos os meus amigos que torceram por mim e que me deram informações e força nas conversas dos watssapp. Nao conseguiria sem vcs, hahahaha!! Eh nois porraaa!! EH CAMPEAOOOOOOOOOOOOOO, INVICTOOOOOOO!!!! PORRAAAAAAA VAI CURINTIA!!!

Próxima aventura: Invadir o avião rumo a Tóquio e invadir o estádio na final do Mundial contra o Chelsea. Me aguardem, hehehehe!

Texto colaborativo de André Brandão, estudante de RI na PUC-SP. Tem algum texto legal que gostaria de ver publicado aqui? Mande um e-mail para contato@manualdohomemmoderno.com.br.

Colaboradores MHM
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