Vídeo mostra reação inesperada de garotos estimulados a agredir uma menina

Documentário italiano apresenta a surpreendente reação de garotos incentivados a bater numa menina

Documentário italiano apresenta a surpreendente reação de garotos incentivados a bater numa menina

Nenhum garoto nasce machista. Mas alguns, ao longo do tortuoso percurso rumo à vida adulta, acabam caindo nessa por condicionamento social, cultura familiar, influência de amigos, entre outros tantos motivos. Será? Bem, o jornalista italiano Luca Lavarone decidiu colocar esta teoria à prova no mini-documentário Slap Her! (Bata Nela), que vem fazendo bastante sucesso nas redes sociais.

Na película, o jornalista conversa sobre amenidades com meninos cuja idade varia de 7 a 11 anos: ‘‘Qual seu nome?’’ ‘‘Quantos anos você tem?’’ ‘‘O que você quer ser quando crescer?’’. Até aí, nada de mais. Mas a história começa a ficar interessante quando aparece Martina, uma bela garotinha que é convocada pelo documentarista para interagir com seus pequenos entrevistados. Primeiramente, pergunta a cada um deles o que gostam nela:

– Os olhos! – responde um.

– Seus olhos, seus cabelos – arremata outro.

– Só do cabelo, eu juro! – adianta-se preocupado, um terceiro.

Em seguida, cada um é incentivado a fazer uma carícia na mocinha, pedido que é atendido timidamente por todos. No entanto, quando o jornalista incentiva: ‘’Agora bata nela! Forte!’’, a reação de todos é um firme ‘‘Não!’’. Ao serem perguntados por que, as respostas são surpreendentes:

– Porque ela é uma menina, não posso bater nela nem com uma flor.

– Jesus não quer que batamos nos outros.

– Porque ela é bonita e é uma menina.

– Porque sou homem!

A ideia do jornalista era descobrir a reação de crianças em relação à violência contra a mulher e entender como isso muda ao longo do amadurecimento e nos questionarmos: se quando criança essa premissa de respeito às mulheres é tão forte, o que desaprendemos ao longo do caminho?

Meu palpite, é que a noção de masculinidade ainda é atrelada à noção de poder, fruto da nossa cultura patriarcal milenar: ser homem é ser o provedor. O protetor. O chefe de família. O senhor do lar.  Duvida? Aposto que muitos de nós, quando crianças, quando aprontamos alguma traquinagem, ouvimos nossas mães dizendo: ‘‘Espera só seu pai chegar em casa’’ ou ‘‘Fale com seu pai. Ele que sabe’’, frases domésticas corriqueiras, mas que conotam a ideia da autoridade máxima da figura paterna.

Pois bem. Embora esta noção esteja aos poucos mudando (felizmente), ela ainda é forte no imaginário masculino. Neste contexto, nossas namoradas, parceiras e esposas estão em óbvia desvantagem em relação a nós. E ai daquela que decide enfrentar este estabilishment.

Afinal, desafiar essa desigualdade, sob a ótica sexista, é também um desafio ao poder do homem. Pô-la em jogo é como pôr a própria masculinidade do companheiro sob risco. E, sentindo-se ameaçado, ele, tal qual fera acuada, contra-ataca da maneira mais primitiva que há: com violência. Muitos sequer sabem explicar porque estão agredindo. Eles apenas selvagemente se defendem. Diferentemente dos garotinhos italianos. Estes, ao contrário, sabem muito bem porque não ousaram tocar em um só fio de cabelo da Martina.

► Texto escrito por Pedro Araújo. Jornalista interiorano, mas paulistano de coração. Fã de música, sente um prazer inenarrável quando descobre cantores e bandas que fazem um som interessante.

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Colaboradores MHM
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