O que você deve saber antes de considerar terapia de casal

Uma terapeuta diz o que você pode esperar das sessões e também recomenda como agir para que a terapia dê certo.

Se as coisas parecem complicadas demais no seu relacionamento e se anda difícil enxergar qualquer saída para os problemas, talvez seja uma boa ideia procurar um especialista.

A comunicação e a capacidade de discutir as questões mais difíceis sem entrar em um conflito direto são fundamentais para fazer um relacionamento funcionar e, quando o respeito vai embora pela janela e cada pequena discussão vira o início da terceira guerra mundial – ou o território invisível da guerra fria – é hora de buscar ajuda.

Porém, antes de embarcar para a terapia de casal, você precisa saber algumas coisas. A psicóloga Dr. Nikki Martinez, colunista no Huffington Post, escreveu um artigo pontuando as principais dificuldades que os casais enfrentam quando iniciam uma terapia em conjunto.

Por exemplo: ambos estão realmente empenhados em fazer o relacionamento funcionar? Muitas vezes, um dos parceiros está realmente interessado na terapia e a outra pessoa só aceita por pressão. Quando isso acontece, a caminhada fica bem mais difícil.

O básico

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Vocês têm objetivos em comum, ou têm perspectivas bem diferentes sobre o que está errado no relacionamento? Um dos dois continua tendo um caso com outra pessoa mesmo depois da decisão de procurar um terapeuta? A Dr. Nikki Martinez diz que normalmente um terapeuta não pode continuar as sessões se o casal não estiver completamente empenhado em fazer o relacionamento funcionar.

Outro problema comum nas terapias de casal é uma das pessoas já ter decidido se divorciar e não ter contado para a outra. Para a Dr. Martinez, muitas pessoas aceitam a terapia mesmo sabendo que querem o divórcio apenas para provar ao parceiro, de uma forma bem cruel, que o relacionamento já acabou.

Escolhendo o terapeuta

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Quando o casal está realmente comprometido com a terapia e ambas as partes entendem a importância do processo, é hora de escolher o profissional. Para não errar, é interessante separar vários nomes e pesquisar a filosofia e histórico de cada um.

Existem vários tratamentos diferentes e filosofias utilizadas pelos profissionais e o casal precisa escolher qual melhor se encaixa com as suas visões de mundo e rotina.

Além disso, você vai compartilhar a sua intimidade com o terapeuta, então, logo na primeira conversa você tem que se sentir confortável. Se no primeiro contato o casal não se sentir relaxado, é melhor procurar outro profissional.

Outra dica importante é escolher um terapeuta perto de casa, afinal, muitas vezes, os casais abandonam a terapia usando a desculpa do trânsito ou da falta de tempo.

Depois que vocês encontrarem um bom profissional, não se sintam presos. Se o terapeuta não parecer imparcial ou justo para ambas as partes, vocês podem, sim, cancelar as sessões e procurar outro profissional.

Porém, tenha uma visão crítica sobre isso: o terapeuta realmente está tomando o lado de um dos membros do casal, ou você acha que isso está acontecendo porque, na verdade, as suas atitudes em determinadas situações não foram benéficas para o relacionamento?

Além disso, você precisa confiar e acreditar que o terapeuta está do lado do casal e está em par com seus objetivos.

Regras de conduta

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Quando a terapia começar, saiba que cada profissional tem regras específicas de comportamento durante as consultas. Xingamentos, discussões e palavrões, por exemplo, são intoleráveis.

A terapeuta Dr. Martinez relata no seu artigo que inúmeras vezes precisa pedir para o casal sair da sala e beber uma água, por exemplo.

O objetivo de salvar o relacionamento é fundamental e, por isso, o casal precisa enxergar seus objetivos de forma clara. Pode ser doloroso encarar verdades sobre seus erros e comportamento, mas isso faz parte do processo de melhora e o terapeuta vai saber te guiar por esse caminho.

Muitas vezes, as pessoas gritam durante a consulta e falam coisas como: “vamos esquecer isso, é melhor a gente se divorciar”. Isso acontece porque é doloroso demais ouvir alguma verdade ou passar pelo processo de desconstrução de conceitos já firmados. Como o terapeuta sabe que o casal não quer se divorciar – afinal, é por isso que eles estão se consultando – ele vai trilhar a conversa da melhor maneira possível.

Lidando com problemas

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Uma das coisas mais fascinantes da terapia de casal é o poder que o terapeuta tem em resgatar emoções e traumas passados para tratá-los. Isso pode ser doloroso, mas é fundamental para salvar o relacionamento.

Muitas vezes, o casal diz ter superado e esquecido um problema quando, na verdade, nada foi deixado para trás. A terapia vai mostrar a realidade e te dar ferramentas para solucionar, de fato, o problema.

Por isso é importante realizar os exercícios sugeridos pelo terapeuta durante as sessões. Muitos casais, segundo a Dr. Martinez, sequer conversam quando a sessão acaba e isso é um agravante no tratamento. Se o casal não aplica o que aprende, nenhum dos dois está realmente dando uma chance para o relacionamento.

O que se discute em uma terapia de casal

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Muitas coisas são analisadas durante as sessões mas a mais comum é a comunicação, afinal, a falta dela é um dos maiores sinais de que o relacionamento não anda bem.

Um terapeuta pode fazer o casal a se entender e ambas as partes entenderem a si mesmas. Durante as sessões, ele pode ajudar os dois na melhor forma de expressar seus sentimentos e desejos.

Outro problema comum no consultório da Dr. Martinez é o sentimento de desvalorização dentro de um relacionamento.

Muitas pessoas se sentem ignoradas ou desprezadas pelo parceiro – que muitas vezes nem percebe o quão cruel podem ser suas palavras ou atitudes. Por isso, a terapia é importante: ela vai fazer com que ambos percebam o poder de suas palavras e como é importante valorizar os pontos positivos do parceiro.

Dinheiro também é um problema comum em terapias de casal. Por isso, cada um deve entender a visão que o outro tem do dinheiro e saber trabalhar com isso.

Compreender, por exemplo, que um membro do casal é mais conservador e o outro já gasta mais dinheiro, é fundamental para encontrar o equilíbrio na rotina financeira.

O sexo é uma queixa freqüente nos consultórios e, durante a terapia, o casal também entende suas necessidades e inseguranças. Falar sobre isso com uma terceira pessoa cujo objetivo é meramente ajudar pode ser o que faltava para o casal enxergar os problemas.

Restaurar a intimidade e o desejo são apenas algumas das conquistas que o casal pode ter durante a terapia.

A confiança, por exemplo, pode ter sido afetada por causa de alguma traição, e a terapia vai ajudar na reconstrução dela.

Esteja comprometido

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Para a terapia funcionar, o casal precisa estar dedicado. Honestidade, comprometimento e esforço são fundamentais para o sucesso da terapia e o restabelecimento da harmonia que existia no começo do relacionamento.

Sair da zona de conforto pode ser difícil, mas o egoísmo nunca construiu uma história feliz.

A Dr. Martinez diz que é importante entender que o terapeuta está do lado do casal. Infelizmente, é muito comum que um dos membros fique na defensiva e tenha medo de ouvir verdades dolorosas mas, quando isso acontecer, é preciso lembrar da importância da terapia e do caminho que ambos querem trilhar como casal.

Depois da terapia

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E depois? Quando as sessões acabam, como manter o progresso alcançado na terapia?

O casal vai precisar praticar tudo o que aprendeu no consultório e realizar os exercícios sugeridos pelo terapeuta com determinação. Depois de um tempo, tudo vai ser natural e a sintonia vai ser reconstruída.

Mas tome cuidado para não cair em hábitos antigos. Tenha em mente as razões pelas quais você eliminou esses hábitos da sua vida e se dedique ao que aprendeu na terapia.

Não é vergonha nenhuma retornar ao consultório para mais sessões. Enxergue o processo como um investimento no futuro e saiba que, enquanto ambos se preocuparem em fazer o relacionamento dar certo, vocês têm toda a chance do mundo de alcançar a felicidade outra vez.

Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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