Mulheres denunciam comportamento abusivo nas redes sociais com a campanha #meuamigosecreto

Ironizando a brincadeira das festas de fim de ano, mulheres iniciam um movimento de denúncia contra comportamentos abusivos nos ambientes sociais

Por meio das redes sociais, mulheres em todo o Brasil utilizaram uma brincadeira de fim de ano bastante conhecida nas festas familiares, e ambientes sociais no geral, para denunciar comportamentos abusivos de colegas ou amigos.

Com #meuamigosecreto, elas contam casos de discriminação, violência contra mulher, abuso doméstico, racismo e homofobia.

A campanha foi abraçada por personalidades da política, como a ex-candidata à presidência, Luciana Genro, veículos de comunicação como a Cláudia, Bolsa de Mulher e o Catraca Livre, e, claro, por mulheres do país inteiro.

Muitas denúncias são dolorosas, porém extremamente importantes para repensarmos e enxergamos como as mulheres são tratadas diariamente e, também, encararmos uma visão crítica sobre os comportamentos hipócritas da nossa sociedade.

Veja alguns exemplos:

“‪#‎meuamigosecreto‬ gosta de reforçar estereótipos de que mulher que é interesseira, ‘mulher gosta de carro, quem gosta de homem é viado’ só que ele deixa as mulheres pagarem as coisas pra ele por estar sempre sem dinheiro e depois finge que esqueceu, esquecidinho ele.”

“‪#‎meuamigosecreto‬ se relaciona com alunas, inclusive menores de idade, mas só chama alunos homens para serem seus orientandos em pesquisas.”

“‪#‎meuamigosecreto‬ se diz ‘feminista’ mas bateu na ex-mulher.”

“‪#‎meuamigosecreto‬ é visto por todos como um cara legal e tranquilo, mas já enforcou a namorada e disse que não fazia sexo com ela por ela estar gorda.”

“‪#‎meuamigosecreto‬, depois de ser rejeitado inúmeras vezes, disse que as mulheres deveriam beber bastante quando se encontrassem com ele, assim eles poderiam transar sem que elas se sentissem incomodadas por não quererem. O nome disso é estupro, viu?”

“‪#‎meuamigosecreto‬ bate na esposa, detesta trans, lésbicas, gays e é racista, mas por ser evangélico acha que será perdoado e salvo”.

Créditos: Reprodução

Alguns relatos enfatizam justamente esses comportamentos contraditórios de muitas pessoas – principalmente homens – que, por exemplo, defendem os direitos das mulheres nas redes sociais, mas compartilham nudes sem autorização da autora das fotos. O mais chocante é que existem denúncias ainda mais indigestas que esta.

A Revista Época intitulou este período na história dos movimentos sociais brasileiros como “a primavera das mulheres”, fazendo uma alusão contemporânea à Primavera Árabe, a publicação argumentou sobre a importância dada a luta pelos direitos das mulheres. 

As redes sociais provam, cada vez mais, sua importância para a distribuição de informação, educação sobre movimentos sociais e ambiente de discussão sobre assuntos antes esquecidos pela sociedade. Se você ainda tem dúvidas sobre isso, busque a #meuamigosecreto no Facebook e acompanhe, em tempo real, os posts compartilhados publicamente.

Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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