Tem uma máxima que eu uso para vida que diz que ‘Se você quer conhecer melhor uma pessoa, tente pensar como ela’. Foi exatamente com este princípio que encarei o desafio, me livrei dos preconceitos e fui conferir a cabine do filme 50 Tons de Cinza.
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Em primeiro lugar, tenho que me apresentar aos desconhecidos. Sou fã de filmes de ação, choro vendo Rocky e A Espera de um Milagre e não tenho um perfil pensado para os fãs do longa metragem da diretora Sam Taylor-Johnson. Mas, tenho que assumir que 50 Tons de Cinza é uma entrega perfeita para seu público apaixonado pela trilogia erótica de E. L. James.
Assim como as revistinhas eróticas do estilo Sabrina das bancas, o longa-metragem consegue, como ninguém, criar uma atmosfera que deixa, literalmente, as mulheres de calcinha molhada, do início ao fim.
Contos de fadas picante
O público feminino, logo de cara, fica identificada com a protagonista jovem, virgem e desajeitada Anastasia Stelle. Uma garota tímida, com uma inteligência mediana, beleza igualmente razoável, que sempre fica à sombra de sua grande amiga Kate, com quem divide o apartamento. Apesar de alguns interesses por parte dos homens, ela sempre se esquiva, como quem está a espera do ‘príncipe encantado’.
O Sr. Grey parece ser o homem idealizado a vida inteira pela mulher média, ou pelo menos até ela perder a inocência do conto de fadas. Ele tem poder, pode proporcionar todo o conforto, é boa pinta, atencioso, está sempre preocupado e pronto a socorrer sua amada. Mostra-se sempre interessado na vida dela (apesar de medíocre), e está completamente apaixonado.
Seus desvios são logo justificados por traumas causados por outra mulher no passado, a pedófila ‘Sra Robinson’. Mas isto é irrelevante, pois ele pode fazer tudo e viver somente para esta relação. Então que custa tentar?
Se for ao cinema, pode prestar a atenção ao seu lado. A grande parte do público feminino suspira a cada olhar fulminante e pose do perfeccionista/bilionário/protetor/intimidante Sr. Grey.
Todos os ingredientes para uma trama perfeita feminina está lá: a gata borralheira, o príncipe perfeito, a distância dos dois mundos, a pureza, a entrega, o amor, o conflito e, principalmente, o cenário ideal.
Como foi o sexo de 50 Tons de Cinza?
Para quem esperava pouco mais de 2h recheadas de cenas de sexo hardcore (mais fidedignas com o livro), com muito sadomasoquismo e fetiche, vou desapontá-las: não será assim. Você verá nudez masculina e feminina (sem órgãos genitais) e transas, mas sempre balizado neste conto de fadas moderno, com ares de pornô soft. A critério informativo: foram 4 cenas de ‘foda’ durante toda trama.
Sobre as cenas de sexo, contrariando algumas resenhas vistas, eu digo que me surpreendi. Não esperava um formato Lars Von Trier (inclassificável para 16 anos, como é a censura do filme no Brasil), mas a trama consegue usar de muito erotismo e sensualidade, não fazendo feio para 9 e 1/2 Semanas de Amor, Instinto Selvagem e De Olhos Bem Fechados. Ainda assim, não espere encontrar uma cena como a da manteiga no sexo anal de O Último Tango em Paris. Ousadia não é a cara desta produção.
Mas, como disse no início, você precisa pensar como uma mulher. Homens podem ter mais vontade e facilidade de excitar-se com o visual. Já para mulher, a construção de uma boa história erótica pode ser até mais importante do que o ato em si. Por isso, a falta de ousadia mostra-se totalmente justificável.
Sobre a parte fetichista, ela está ali mais como um be-a-bá para iniciantes no assunto, limitando-se a bondagem, uso de chicotes, vendas e palmadas. Com o investimento que fizeram no tal ‘quarto vermelho’, digo que foi bem subaproveitado.
O que curti no filme: a direção teve uma preocupação em mostrar uma mulher jovem, virgem e desajeitada com certa verossimilhança. O corpo natural, pouca o quase nenhuma preocupação em maquiagem, a penugem na perna e sem depilação íntima, o que mostra uma garota que não descobriu a sexualidade, não sabe ou tem a necessidade de mostrar-se sexy para os outros.
Uma reflexão: você pode até considerar as cenas de sexo bem inferiores às suas expectativas ou como os próprios críticos falam “um pornô soft para senhoras casadas”. Por outro lado, posso te garantir que as cenas em si, já são muito mais coisas que a maioria das mulheres jamais teve em seus relacionamentos. Pense nisso e saia da inércia.
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