Dá para ser feliz sóbrio?

Quando foi a última vez que você saiu para se divertir com os amigos e não beberam juntos?

Dá para ser feliz sóbrio?

 

“Um olhar sóbrio é capaz de transmitir toda essência de uma filosofia de vida.” – Esha Nehir

Saio com os amigos para balada. Antes de sequer sairmos de casa rumo a casa noturna, começa um esquenta regado a vodka e energético. Saio com uma garota. Local de encontro? Um bar. Dia de bater uma bola com a galera. Acabamos o jogo e lá vem a cerveja para por o papo em dia.

A bebida alcoólica virou um espécie de lubrificante social. Algo que torna possível nosso convívio em determinados ambientes ou situações. O que traz parte da ironia da coisa.

Passamos a semana ansiando pelo final de semana para poder beber, se divertir, mas acabamos não lembrando de nada disso no dia seguinte. Um exagero talvez, mas quando foi a última vez que você foi um evento social e não bebeu?

Álcool: Condição social

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Não é a toa que certos bares e baladas cobram o quanto querem por suas bebidas. Fomos condicionados à necessidade de beber naquele tipo de local e, para ajudar, a bebida também se tornou um fator de status social.

É só lembrar daquela garrafa de champanhe de R$500 que vem com uma vela que solta faíscas e chama a atenção da pista inteira. A mensagem é quase como: “Quer ser legal? Vai ter que pedir uma dessas daqui também.” E a bebida não anda exclusiva a ambiente de adultos. Cada vez mais, começamos a beber mais cedo.

Segundo o IBGE, cerca de 48% dos usuários de bebidas alcoólicas afirmam ter começado a beber antes dos 18 anos, sendo que destes, 34,5% dos usuários tiveram contato com a bebida entre os 15 e 17 anos, e 12,5% antes dos 15 anos.

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Por muitas vezes, o primeiro porre é por incentivo de um pai ou da roda de família. “Ah, se não beber é viadinho”. E tome moleque de 12 anos virando uma latinha para se provar mais homem. Uma provação que vai ser repetida diversas vezes ao longo da vida.

No trote da faculdade, na formatura, na festas com amigos… Tem sempre um para julgar o amigo que não está com o copo na mão. “Vai, bebe aí. Tá todo mundo bebendo. Vai ser o chato do rolê?”

Em tribos antigas, estar um estado de consciência alterada era algo comum, mas na sociedade moderna, este estado parece ser uma muleta para que possamos nos suportar uns aos outros em certos ambientes.

A bebedeira vs Você

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Sem levar em conta os problemas para saúde – como uma cirrose ou complicações no fígado, vamos pensar em controle emocional.

Uma triste história pessoal. Tinha essa garota linda, simpática e inteligente, pela qual eu tinha uma queda. Durante muito tempo fiquei tentando cavar um lance com ela, sem êxito. Até que o dia, durante uma bebedeira nossa em uma festa, consegui. Acordamos juntos no dia seguinte, mas não lembro de nada.

Não lembro de como foi aquele primeiro beijo com ela, não lembro como foi a situação, a noite ou como lidamos um com o outro. Foi um piloto automático no comando. Depois daquela noite, nunca mais ficamos.

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Quantas mulheres você não ficou bêbado e simplesmente não lembra o que rolou? Ou quantas transas foram meia-bomba por causa do seu estado alterado? Quantas ligações para quem não devia? Quantos futuros relacionamentos estragados por conta de uma noite de bebedeira?

O álcool cobra seu preço. Mesmo sem um consumo que dê para ser qualificado como vício, são diversas as vezes que deixamos oportunidades passarem para trás por causa dos efeitos de uma ou outra dose a mais. Será que não dá para controlar isso?

Não adianta ser feliz bêbado se você não consegue se sentir em paz sóbrio. Vira uma máscara. Uma muleta para lidar com determinadas situações. E longe de mim querer banir o álcool do mundo.

Dá sim para beber e apreciar certas bebidas, como também dá para – vez ou outra – tomar aquela porre com os amigos. O que não podemos é depender apenas do álcool para sermos felizes.

Agora, me diz: Você consegue ser feliz sóbrio num rolê com amigos?

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Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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